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domingo, 30 de maio de 2010

QUE TAL UM CINEMINHA HOJE ?


         As pequenas cidades do Brasil que tenham apenas de 20 mil a 100 mil habitantes (como São Miguel Arcanjo) podem receber um notável impulso cultural com que jamais sonharam: o governo federal vai financiar a construção de salas de cinema em todas elas “desde que apresentem o projeto”.
         O cinema, entretanto, só voltará se políticos, professores, profissionais liberais e instituições culturais da cidade se empenhar nisto. Trata-se de uma onda nacional, com todas as exigências e dificuldades simplificadas, que visa atender simultaneamente o aspecto econômico do cinema como indústria e a difusão da cultura como arte e diversão. O governo federal está à frente de tudo, mas exige a participação da prefeitura e dos setores políticos para imprimir um cunho marcadamente popular e democrático ao empreendimento.
      O projeto Cinema da Cidade foi articulado de maneira a atender e se adequar às necessidades de cada município. Desta forma as prefeituras poderão escolher entre quatro tipos de modelos de cinema (salas de exibição como são chamados no projeto), todos criados pelo próprio Ministério da Cultura. Desse modo a construção poderá ter 250 poltronas, ou com 100 poltronas (dois tipos, diferentes apenas no equipamento de exibição) ou ainda 70 poltronas. Para participar a prefeitura dará como contrapartida o terreno onde será construído o projeto e dispensará do pagamento de impostos. O Ministério da Cultura, através da Ancine – Agência Nacional do Cinema - disponibiliza as especificações técnicas para os projetos arquitetônicos dos complexos que não são assim tão simples e pretendem ser um ponto moderno de referência para a cidade. Deverão as obras de construção ou recuperação ter no mínimo duas salas de exibição e uma bomboniere. Opcionalmente podem incluir uma sala multiuso e espaços comerciais e de prestação de serviços. Estes projetos, feitos já sob a orientação do Ministério, seguem para análise pela Ancine. As prefeituras contempladas selecionarão por meio de edital público, com acompanhamento da Ancine, uma empresa exibidora para a gestão do espaço. A Ancine repassará os recursos às prefeituras municipais.
         A prefeitura, levando-se em consideração que as cidades pequenas do país tem características próprias, adaptará o projeto arquitetônico às necessidades da cidade. O custo do projeto, mesmo assim, (duas salas de exibição) chega a um milhão e meio de reais. Cada complexo, depois de pronto, gera em média 10 empregos diretos e cerca de 240 indiretos e atende 80 mil espectadores por ano.
         Com o objetivo de diversificar, descentralizar e expandir o acesso ao cinema, a ANCINE, o Ministério da Cultura e o BNDES organizam um programa de expansão do parque exibidor com ações diversificadas de crédito, investimento e desoneração tributária para estimular a abertura de novas salas. Essa iniciativa focaliza especialmente as populações de classe C e as cidades e zonas urbanas não atendidas pelo serviço de exibição cinematográfica.
         Na década de 1970, o Brasil chegou a ter mais de 3.200 salas de cinema, 80% em cidades do interior. A urbanização acelerada e a baixa organização e capitalização do setor de exibição, entre outros fatores, fizeram o nosso parque exibidor atingir pouco mais de 1.000 salas, em 1997
         Dos 1.371 municípios brasileiros com população entre 20 mil e 100 mil habitantes, foco do projeto cinema da cidade, apenas 194 possuem salas de cinema, 14,15% do total. (20/11/2009).
      Como diria aquele nosso amigo: “Esse projeto não tem contra-indicações. Requer somente “agileza”. (Agilidade e presteza).

quarta-feira, 26 de maio de 2010

POLÍTICAS PÚBLICAS DE DIREITOS ANIMAIS


         A evolução das políticas públicas voltadas aos Direitos dos Animais tem um caminhar lento em seus primeiros andares, mas firme e consistente na sua direção.
         Não faz muito que no Brasil os meninos andavam com estilingues no pescoço, gaiolas e alçapões nas mãos, vindos de suas casas. Horas depois, na volta, exibiam como troféu dezenas de passarinhos mortos e tantos outros presos. Também não é de muito tempo que, durante a semana que antecede a Páscoa, no Estado de Santa Catarina, a maior parte das pessoas daquela e de outras partes do Brasil, consideravam “cultural” e “aceitável” a tortura e a morte de animais na conhecida “Farra do Boi”.
         Hoje, essas e tantas outras práticas de crueldade contra os animais não são aceitáveis. Ao contrário, são vistas como atitudes primitivas e moralmente condenáveis, além de criminalizadas pela legislação ambiental vigente.
         A produção de leis nesta esfera tem representado um importante sinal destes avanços e representam a materialização de um processo. Desta forma, as Casas Legislativas funcionam como caixa de ressonância dos movimentos sociais.
         Assim, as ações do ativismo de defesa dos Direitos dos Animais, de forma organizada ou de maneira individual e independente, têm crescido e provocado mudanças de paradigmas na sociedade e influenciado no campo da formulação de leis. Quando um projeto de lei é produzido e aprovado, é, via de regra, consequência de o objeto da matéria já estar contido na agenda social depois de ter sido amplamente debatido.
         A partir do momento em que a sociedade discute e os movimentos sociais organizados produzem suas ações provocativas de reflexões sobre determinado tema, passa a ser praticamente natural sua incorporação nos textos legais.
         Claro que, muitas vezes, esse padrão não se verifica. Não é porque a sociedade debateu e buscou uma legislação que contemple seus anseios, que a maioria dos membros de um legislativo se sensibiliza. Neste caso, quando a sensibilidade por uma causa não encontra eco entre a maioria dos parlamentares, cabe a justa, democrática e organizada pressão social, que pode tornar-se o agente que transforma um projeto de lei fadado ao arquivo morto, em lei.
         O movimento social e o parlamento são entes que, se atuarem de forma imbricada e bem articulada, podem trazer significativos avanços para a sociedade, em especial, no campo da defesa dos direitos dos animais.

Gabriel Bittencourt

sábado, 22 de maio de 2010

E VIVA O TOURO !!!




Acostumado a torturar touros, Julio Aparício recebeu o troco nesta sexta-feira (21). Quando já tinha enfiado seis espadas na nuca do touro, sem conseguir matar o animal, tropeçou, dando chance ao touro de lascar uma chifrada no seu queixo.

Durante a Feira de San Isidro, Julio Aparício, 41, filho e neto de toureiros famosos, sentiu a dor que ele aplicou em muitos touros. Era o primeiro touro da tarde, no primeiro dia de tourada em Las Ventas,estádio em Madrid, o maior da Europa.

Em um revés do touro, que já tinha seis espadas cravadas nas costas, Aparício foi ao chão e sem proteção foi atingido pelo golpe. O chifre do touro atravessou a língua do espanhol e saiu pela sua boca. Uma cena impressionante, mas infelizmente não muito frequente.

FAÇA VALER O FICHA LIMPA


O senado aprovou na última quarta-feira, dia 19, o projeto Ficha Limpa, que impede o registro de candidaturas de políticos com condenação por crimes graves após decisão colegiada da Justiça (mais de um juiz). A inelegibilidade será de oito anos após o cumprimento da pena.

O Ficha Limpa é um projeto de iniciativa popular que recebeu 1,6 milhão de assinaturas e foi apresentado ao Congresso em setembro do ano passado.

Porém, uma alteração no texto do Projeto aprovado pelo Senado, deixará candidatos conhecidos do cenário nacional – como Joaquim Roriz e Paulo Maluf – de fora da abrangência da Lei. No trecho sobre a concessão do registro, a expressão os que tenham sido condenados” foi substituído por “os que forem condenados”. Com isso, a regra só vai ser aplicada aos casos de candidatos condenados após a sanção da medida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além disso, questiona-se se a Lei, uma vez sancionada pelo presidente da República, valeria para as eleições deste ano.

Sancionada ou não, valendo somente para “crimes futuros” ou não, o cidadão eleitor pode fazer valer a ideia original do Ficha Limpa. Simplesmente não reelegendo ninguém e dando um basta nos intermináveis “políticos profissionais”

Nas próximas eleições NÃO REELEJA NINGUÉM!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

OU O BRASIL ACABA COM AS SAÚVAS, OU AS SAÚVAS ACABAM COM O BRASIL

        
         Quando o naturalista francês Auguste Saint-Hilaire fez pesquisas no Brasil, ainda no século XIX, ficou vivamente impressionado com os formigueiros e as variedades de formigas que infestavam os lugares por onde passou inclusive a temida saúva. Entre o espanto e a incredulidade, o famoso botânico vaticinou: “Ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com o Brasil”. A frase caiu no gosto dos literatos tupiniquins, tanto que o Macunaíma de Mário de Andrade fala sobre a falta de caráter que o caracteriza, que “pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são.”

         As lendas, os contos infantis e as histórias de carochinha nos dão conta de Príncipes que viram sapo, passarinho, cachorro e outros tipos de animais. Mas no Brasil os Príncipes há muito tempo estão virando saúva. Nas décadas de 50/60 uma frente de batalha fora aberta contra o pequeno animal em função da sua incontrolável capacidade de destruir tudo que encontrasse pela frente. Dotada de presas de uma eficiência extraordinária, a saúva assustou o meio rural brasileiro, ainda carente de modernas tecnologias necessárias ao combate das pragas no campo, pelos enormes prejuízos que causava com a sua fome desmesurada. Milho, café, e outras preciosas culturas, sucumbiam diante da poderosa formiga.

         Com o passar do tempo, os problemas criados pela saúva foram tomando uma dimensão administrável, novas tecnologias foram surgindo, seu combate foi ficando a cada dia mais eficaz – e ela deixou de ser o bicho-papão que se prenunciava. Mas ao se retirar do palco das emoções nacionais, a saúva deixou um herdeiro muito mais poderoso: o mau político, o tal do homem público corrompido. São os Príncipes de que nos fala Maquiavel. Para efeito externo parecem perfeitos. Bem vestidos, bem arrumados, falantes, envolventes. Interiormente, entretanto, deixam muito a desejar. Têm funções de comando, influenciam, administram muito dinheiro e, em todo momento, mexem com a vida de milhares e milhares de pessoas. Deveriam, como se vê, encarnar o papel de Príncipes tanto do ponto de vista político como no tocante ao espiritual. Mas nem sempre é assim...

         A diferença visual entre o Príncipe e a saúva é gritante. Moralmente a diferença deveria permanecer. Mas têm muito Príncipe trocando o caráter e as vestes de Príncipe, talares, solenes, majestáticas, espiritualmente abençoadas, pela vestimenta obscura, fétida, e moralmente desprezível da saúva. O Príncipe foi entronizado para edificar, construir, solidificar, consolidar, fortalecer. A saúva só existe para prejudicar, danificar, impedir, trabalhando tão somente em função de si mesma. À saúva pouco importa o que acontece quando, através de suas presas afiadas, põe abaixo a folha que dá sustentação ao fruto. A ela pouco importa se seu gesto vai gerar a fome ou a escassez de provisão para alguém. Ela quer cortar, se locupletar, cuidar do que é seu, levar suas vantagens. Quando um Príncipe vira saúva o estrago que causa à sociedade é enorme. De construtor passa a predador – e muitos sofrem em função dessa mudança.

         Ah! Ia esquecendo de ressaltar a questão do cheiro. O Príncipe usa os melhores perfumes, as essências mais refinadas. Sua aparência exterior tem de estar em dia com os manuais da moda, da etiqueta, do social. O perfume que exala é muito importante para causar boa impressão. Já a saúva... Tem o cheiro do subterrâneo, do porão, de lugares escondidos, mal cheirosos, putrefatos. As obras do Príncipe são idealizadas à luz do sol e concretizadas para o bem comum. As obras da saúva se escondem da luz. Tudo que corta e carrega é levado para as sombras – para uso exclusivamente seu. Mas o destino é cruel com a saúva. Ela nunca deixará de ser saúva. Inclusive de ter as suas péssimas qualidades. Já o Príncipe tem retorno. Pode largar o cheiro, o odor, as vestes e o caráter da saúva e voltar a brilhar, a resplandecer na postura física, moral e espiritual de Príncipe. É só querer. Mas será que quer?

         As formigas cortadeiras existem há milhões de anos e são raras as espécies vegetais que elas não saibam atacar. A saúva tanto corta folhas em árvores gigantescas, deixa chover os pedaços, recolhe no chão; como corta arbustos, ervas e gramas. Já vi saúva cortando aguapé no banhado. Quando ela ataca, sabe ser tremendamente eficiente, sabe desfolhar um pomar inteiro em uma noite.

         Ela tem, também, uma fantástica capacidade de reprodução. Além disso, uma colônia de formigas cortadeiras, uma vez estabelecida, a não ser que seja exterminada pelo Homem, tem longevidade indefinida, pode enfraquecer, mas se recupera e não morre. Como numa sociedade humana, morrem os indivíduos, mas não morre o povo. O mais preocupante, em nossas atuais paisagens, especialmente nas paisagens agrícolas e suburbanas, a saúva já não tem inimigos naturais. O Tamanduá marcha para a extinção e os Tatus não vão muito atrás.

         E São Miguel, como estará? Temos ainda muitas saúvas? Estão em extinção? Ou resistem bravamente?

terça-feira, 11 de maio de 2010

sábado, 1 de maio de 2010

A PALAVRA FOI INVENTADA PARA ENGANAR


         As máscaras não são privilégio dos simpáticos folguedos de carnaval e dos bailes à fantasia, mas pertencem ao quotidiano. Estão presentes na literatura de ficção, na política, em discursos de comemorações e até em sermões nos templos religiosos.

         Esse fenômeno dá-se em razão de que as palavras que usamos na conversação são sinais arbitrários da realidade ou das coisas em si. O verbo não anda colado ao objeto a que se refere e, muitas vezes, está ligado somente ao pensamento de quem fala.

         Um escrito do século passado lembrava que o vocábulo é um sinal que pretende apresentar a realidade. Mas infelizmente, para alguns, a realidade é um mero fruto da imaginação.

         Em tempos de promessas de campanha, só o tempo, que é senhor da história, dirá se é verdade o vasto rosário de promessas e afirmações que virão por aí. E quando passar o período eleitoral e eleitoreiro, o amanhã dirá se não vai haver mais apagões, assaltos à mão armada, invasões de propriedades, estupros e prostituição de menores, pedofilia e também se estamos caminhando em direção à democracia ou à ditadura, à paz ou à guerra.

         As máscaras, ninguém precisa arrancá-las da face dos enganadores; elas caem com o passar do tempo como a casca de uma ferida. Aparências de honestidade somem. Enfim, a desilusão, saudável companheira dos idosos e historiadores, mostra a cara. Não se deve ter medo. Esse desabamento é saudável. Apenas se experimenta mais de perto a condição humana. Como já insinuava Freud, “a palavra foi inventada para enganar”.