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terça-feira, 30 de março de 2010

DIVINO E MARAVILHOSO


         Vinte horas e cinquenta minutos, segunda-feira, dia vinte e nove de março. Cá estou eu na internet vendo o novo álbum de fotos do meu amigo Orlando sob o título “São Miguel Arcanjo pede socorro nos 121 anos”. Ao mesmo tempo ouço a Sessão Solene da Câmara Municipal através do site da Rádio Aliança. Olho as fotos e ouço os discursos... Há evidentemente uma distância entre o que vejo e ouço.

         Mas, por uma noite, pelo menos, São Miguel Arcanjo se transforma numa cidade modelo, sem problemas. Transporte escolar, coleta de lixo, manutenção de ruas e estradas, canil municipal, saúde; tudo na mais perfeita ordem. Acho até que depois da explanação do primeiro orador da noite, enaltecendo as benfeitorias na cidade, a música mais apropriada para ser executada pelo grupo que abrilhantava a noite fosse “Tudo é divino, tudo é maravilhoso” do compositor Belchior.

         Seria muito bom que o Ato Solene dessa noite contagiasse todos os políticos e dirigentes de nossa cidade, não na pompa, mas no respeito. E que pudessem de fato transformar São Miguel Arcanjo, chamando cada um para si, a responsabilidade de deixar um mundo melhor para os nossos filhos, como bem lembrou outro orador.

         Sobre a homenageada da noite, excetuando-se às providenciais lembranças e elogios ao governador e candidato José Serra, que ela seja de fato, como disse um dos oradores ecumênicos da noite, “mensageira de boas novas”. Há de fato em nosso município uma grande carência de boas novas, como ela deve ter percebido, principalmente se veio pela SP-250.

         Mas continuo pensando como o professor Aldo Vannucchi, “Precisamos não de cidadãos eméritos, mas sim de cidadãos com méritos”.

sábado, 27 de março de 2010

ANIVERSÁRIO DE SÃO MIGUEL ARCANJO - PRIMEIRO DE ABRIL

                                                                                                       
Tapichi, o mendigo eterno (às vezes, ele aparece), manda de seu mundo transparente uma mensagem em razão do aniversário de São Miguel Arcanjo.

"É Primeiro de Abril, meus amigos. A cidade não existe. Nem você nem eu.

Se a cidade existisse (eu e você, também) a gente iria comprar picolé de groselha no bar do Salomão. Mas, cadê o Salomão?

Se a cidade existisse, a gente passaria no Abdalinha para rir com ele e comer um Bauru. Mas, cadê o Abdalinha?

Se a cidade existisse, a gente pediria ao Jorge ou à Tia Amélia um quibe ou um pastel, feito assim na hora, com barulho de óleo quente na frigideira, barulho de mãe. Mas, cadê o Jorge e a Tia Amélia?

Se a cidade existisse, o Suel estaria no balcão, ali bem na esquina da praça, a dizer em seu silêncio que para ser santo não é preciso ir a Roma nem ver o Papa. Basta ser manso de coração e perdoar as dívidas e os devedores. Mas, cadê o Suel?

Se a cidade existisse, o Lauro e suas lindas filhas estariam na padaria a dividir o pão da manhã e a confiar na palavra ou caderneta dos que não liam o aviso: Fiado só amanhã. Mas, cadê o Lauro e suas lindas filhas? E cadê os pães da madrugada do Chico Rosa, que eram passados pela janela para bêbados famintos que chegavam das serenatas com a fome de quem cantou muito, para tantas moças, mas comer que é bom, nada?

Se a cidade existisse, o Décio do Policarpo estaria com roupas novas e pose de galã para dançar com a garota mais cobiçada, no salão do clube Bernardes Júnior, e os mais feios morreriam de inveja. Mas, cadê o Décio?

Se a cidade existisse, João Ortiz, no saxofone ou clarinete, Zé Ortiz na bateria, Darcy Ortiz nos pratos, Tonico Ortiz no trompete e Joaquim Maestro na regência estariam tocando um chorinho, talvez de Pixinguinha ou Zéquinha de Abreu, para que almas se encantassem e percebessem que a vida só é vazia para quem não percebe a Lua Cheia. Mas cadê o chorinho? E quem liga para Lua Cheia nestes tempos?

Se a cidade existisse, o goleiro Dito Torto, os beques Romeu e Salvador Costa, o center-half Trincheira, o ponta Valdemar Coelho, o meia Nê Terra--- e tantos outros heróis--- estariam com o uniforme de guerreiros do Esporte Clube São Miguel para enfrentar os invasores de Pilar do Sul ou Capão Bonito. Mas cadê o campo de terra e de guerra?

Se a cidade existisse, o Cine São Miguel, às oito da noite, tocaria a última chamada e Pedrinho Ortiz, na portaria, resmungaria pelo atraso dos que deram um giro a mais na praça. Então, mãos no escuro apalpariam zonas proibidas e os que tinham esperança de um beijo mascariam chiclete e ficariam com água na boca os que estavam sós.

Mas, cadê o cinema do Foued?

Cadê o sorriso da Arima na loja do Harif?

Cadê a graça da Carmem Fogaça?

Cadê o canto de Irene, um canto triste na Via Cruxis de Jesus?

Cadê o palavrão do Zacarias ou do Elias?

Cadê a barriga do Nagib?

Cadê os exageros do Abrão Hakim?

Cadê os resmungos do Pajé?

Cadê o chapéu do Nestor Fogaça?

Cadê o vozeirão do Zé França?

Cadê o salão de barbeiro do Paulico?

Se a cidade existisse, haveria leilão e Cassiano Vieira gritaria: Quanto me dão por este leitão?
Ah, se a cidade existisse, que bom seria.

Mas, é Primeiro de Abril. São Miguel Arcanjo e todas as cidades brasileiras viraram mentira com a novela das oito, com o futebol do Galvão Bueno e seus clones e com o Big Brother. E nada mais existe: nem você, nem eu."

Miguel Arcanjo Terra (Revista da Paróquia)

terça-feira, 23 de março de 2010

DELEGACIA DE PROTEÇÃO ANIMAL


         O Movimento em Defesa dos Direitos dos Animais, que congrega representantes de Organizações não-governamentais e ativistas independentes da causa, deverá agendar uma reunião com o delegado da Seccional André Moron (Sorocaba), para abrir um canal que visa a abertura de uma Delegacia de Proteção Animal como recentemente foi inaugurada uma em Campinas. Pioneira no Brasil.
         Inspirados no fato, que classificado pelos ativistas de “grande vitória do movimento”, pretendem convencer o delegado a abraçar a demanda em nossa cidade.
         O Movimento em Defesa dos Direitos dos Animais, que em seu curto tempo de existência já contabiliza a importante vitória da proibição de rodeios em Sorocaba e que tem patrocinado várias ações educativas, busca, agora, empreender atividades que levem as autoridades competentes a criar uma delegacia semelhante em Sorocaba.
         As ações em defesa dos animais têm que ocorrer em variados campos: na educação, na legislação, na fiscalização e uma delegacia que possa socorrer com atenção, presteza e conhecimento de causa, é fundamental.
         Se necessário, iremos buscar outros órgãos e autoridades para que Sorocaba e região venham se beneficiar com esta inovadora instituição, diz Gabriel Bitencourt (professor, ex-vereador em Sorocaba e ex-secretário de Meio Ambiente em Porto Feliz).
         Os animais são vistos, ainda, como coisas. Coisas feitas para servir os seres humanos. Há muito que se fazer para a promoção de mudança de paradigmas nesse campo.
         Há muito que se fazer para se retirar dos animais o status de “coisa” e se garantir a dignidade que devem ter como co-habitantes deste nosso planeta.

sábado, 20 de março de 2010

ATIVISTAS PROTESTAM CONTRA MATANÇA DE TOUROS EM MADRI

           Centenas de homens e mulheres se desnudaram em frente à Praça de Las Ventas em Madri com sangue artificial pelo corpo e lanças nas costas, para reivindicar que a Espanha não precisa de touradas.
        
       Assim declarou Rafael Boro, porta-voz da organização defensora dos animais "Equanimal", organizadora do ato. Ele afirmou que a "abolição da tauromaquia é uma responsabilidade de todos".
      
       "A Espanha não quer as touradas", disse Boro aos manifestantes, que, com sua postura, quiseram "colocar-se no lugar do touro".

domingo, 14 de março de 2010

TEMPORADA DE ABRAÇO AO ELEITOR


          Está reaberta a Temporada de Abraço ao Eleitor, quando os nossos representantes políticos abandonam a roupa formal, arregaçam mangas de camisa ou substituem o salto pela sandalinha e vão às ruas trocar suor com o povo. As fotos na mídia já mostram o hercúleo esforço de certos pré-candidatos para enlaçar donas de casa, pedreiros, agricultores rurais e ambulantes, em um refrega que vale vaga em outubro. Façam um exercício e percebam nessas fotos e imagens como o abraço é incompleto, duro, constrangido com aquele penduricalho popular no pescoço.
          Lembro, há muito tempo, de um político que dizia que não ficava no meio da refrega porque não gostava do cheiro do povo. Não creio que toda a classe política evoluiu desde então, apenas aparou arestas, tomando um banho mais demorado no final do dia. Afinal de contas, quem quer ficar com odor de gente que trabalha no corpo? Os que melhor incorporarem a política do “lavou, tá novo” se darão melhor. Como sempre.
          Para muitos, inclusive, será a única dose de realidade que terão nos próximos quatro ou oito anos.
          Lembrando o escritor e dramaturgo Bertolt Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
          O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.

sábado, 6 de março de 2010

POR QUE EM SÃO MIGUEL É ASSIM ?

           Leio num jornal de Sorocaba, sobre uma peça de teatro que estaria sendo exibida na cidade. Não me chamou a atenção qual seria a peça, mas quanto ao local onde seria realizado o espetáculo: Casarão CPFL. Trata-se de um prédio muito antigo que já abrigou diversos setores daquela empresa, desde os tempos da Light, que se encontrava desativado e que foi transformado numa sala para pequenos espetáculos.
          De imediato lembrei-me do “nosso casarão” em São Miguel Arcanjo, agora sob administração da mesma CPFL. Como andam as tratativas para que não se retome a intenção da mesma de por abaixo aquele prédio centenário? Sempre é bom lembrar que como não temos uma lei municipal de tombamento, estaremos sempre a mercê da boa vontade dos proprietários e sem nenhum respaldo jurídico que impeça a demolição daquele ou de qualquer outro prédio histórico de nossa cidade. São Miguel corre o risco de um dia qualquer amanhecer sem aquele prédio. Só depende da vontade de seus proprietários.
          Vejo também que mais uma festa da uva acontece em nossa cidade e nela mais uma vez, como parte das “atrações” aquele espetáculo deprimente da tortura de animais. Informações dão conta (não consegui confirmar) que este ano a Prefeitura investiu algo em torno de 150 mil reais na festa. Que parte desse valor a prefeitura destinou para aquela atividade de suplício dos animais?
          Por falar em animais, e o problema do canil? Neste ano nenhum vereador se manifestou sobre o assunto durante as sessões da Câmara Municipal. Lembro que numa das últimas sessões de 2009, o líder do governo, Sr. Hélio Hatano disse que os problemas estavam resolvidos. Mas pelas informações, parece que não.
          Ocorre-me então um pensamento não muito edificante: Para esses eventos, é comum que se consiga alguma ajuda financeira através dos senhores deputados da região, o que é perfeitamente normal, ainda mais se tratado de ano eleitoral. O que não seria nada normal, nem sensato, nem racional, é destinar verba para uma atividade que martiriza animais, em detrimento da solução para os cães abandonados nas ruas da cidade ou no próprio canil, que há muito deixou de ser um simples movimento de defesa da causa dos animais para ser um (grave) problema de saúde pública.
          Por falar em saúde pública, qual é mesmo a função da SABESP em São Miguel Arcanjo?