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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO MIGUEL ARCANJO E O CIDADÃO EMÉRITO ESQUECIDO

         O pensador Montesquieu, considerado o pai da história e patrono da história da filosofia, foi o precursor da antropologia na classificação das formas políticas da sociedade humana: monarquia, aristocracia e comuns. Um tal de Jacques Le Goff apregoou que a história é cíclica, repetitiva e sobretudo mentirosa. E não é? A nova geração de pesquisadores brasileiros está trabalhando para recolocar a História do Brasil no caminho da verdade.
        
         Se dentro de um conceito universal, a história tem o poder mágico de passar da realidade para a lenda, o que pode acontecer numa cidade do tamanho de São Miguel Arcanjo, onde a sua história foi mal escrita por garranchos disformes numa casca de palmito, ou na parede branca da falta de memória com um pedaço de carvão, até se apagar de vez.
        
         Estas considerações principiaram como ruminações ao antever as comemorações do 122° aniversário da Câmara Municipal de São Miguel Arcanjo, da qual os poucos compêndios, já sem muita credibilidade por personificar heroicamente certos personagens, registram o seguinte fato: “A Câmara Municipal da Vila de São Miguel Arcanjo criou-se no dia 30 de outubro... A primeira Câmara Municipal da Vila de São Miguel Arcanjo era constituída de sete vereadores, sendo: Manoel Fogaça de Almeida, Alfredo Olegário dos Santos Terra, João Augusto de Souza Nogueira, José Alves Pereira, Ernesto Arantes de Noronha, Jeremias Moreira Branco e José Leme Brizolla. No dia da criação da Câmara, deixou de comparecer o cidadão José Leme Brizolla. Ainda no dia 30 de outubro  de 1889, foi feita a eleição do primeiro Presidente da nova Câmara, verificando a seguinte votação: Manoel Fogaça de Almeida (quatro votos, )Alfredo Olegário dos Santos Terra(dois votos). Sendo dessa forma constituída a primeira autoridade e o primeiro Presidente da Câmara do Município” (sic).
        
         E quem foi o secretário que redigiu essa primeira sessão de posse para a formação da Câmara, antes da conhecida primeira ata guardada a sete chaves, a qual passa a registrar os primeiros trabalhos dos vereadores já constituídos? Quem estava lá, no histórico dia 30 de outubro, há 122 anos?
        
         Era o primeiro secretário, cidadão Manoel Rufino de Medeiros, que sem nenhuma explicação dos historiadores da época, foi desrespeitosamente omitido. Hoje é apenas um personagem obscuro que a história esqueceu. Aliás, a história do município é cheia de contradições que precisam ser revistas, a começar pela tradição oral da doação das terras para a construção da capela, atribuída à dona Maximina Ubaldina Nogueira Terra.
        
         São Miguel Arcanjo passou a existir historicamente no papel a partir dos anos 50. Primeiro através do engenheiro Ricardo Gaumblet Daunt que palmilhou as sesmarias do tenente Urias e arrecadou documentos confiáveis. Após ele, baseado provavelmente em comentários populares, o agente do IBGE, Daniel Carneiro registrou em documentos desse instituto o resumo de uma tradição oral na qual aparece dona Maximina como doadora das terras de São Miguel Arcanjo.
        
         O historiador Manoel Valente Barbas em sua obra “Da Fazenda Velha à São Miguel Arcanjo” no capítulo XIX, página 121 escreve sobre a doação das terras ao patrimônio da Paróquia de São Miguel Arcanjo ao cônego Júlio Marcondes, secretário do bispado de São Paulo o seguinte: “Em abril de 1884 vai por mim assinada, Tereza Augusta Nogueira, desta freguesia da Fazenda Velha, perante a testemunha de Manoel Rufino de Medeiros(...) declaro e faço doação de uma parte de 750 braças de alto com quatrocentos e cinquenta de fundos(...) sem qualquer embaraço para que se empregue  à capela com a condição de nunca ser vendida”.
        
         Conforme Judas Isgorogota, biógrafo do poeta Vital Fogaça de Almeida, filho do primeiro Presidente da Câmara, em 17 de junho de 1957 foi comemorado o centenário de Manoel Fogaça de Almeida. Houve sessão magna com a presença do deputado Ciro Albuquerque. Falou-se de história nessa sessão solene, principalmente sobre a formação da primeira Casa de Leis. Mais uma vez o primeiro secretário, Manoel Rufino de Medeiros não foi mencionado.
        
         As autoridades, os estudiosos e os pesquisadores da história do município não podem passar um rolo compressor em cima dos fatos. É evidente que naquela época, Manoel Rufino de Medeiros era um dos poucos cidadãos letrados com condições para redigir  decretos, escrituras, requerimentos e atas, numa vila que mal se desvencilhava de sua condição de bairro rural de Itapetininga, por isso mesmo, composta de pessoas analfabetas em sua maioria, assim como políticos que sabiam, quando muito, desenhar o próprio nome para votar. Após trinta e um anos (1889/1920), quando por motivo de saúde Manoel Rufino de Medeiros deixou de registrar e escrever os atos emanados do legislativo, seu filho Mário Augusto de Medeiros, assumiu esse mister. Este também a história esqueceu.
        
         Ainda há tempo para que nossos ilustres cidadãos, e outros que agora fazem a história do município, cumprirem aquela máxima que diz  “dar a César o que é de Cesar”. Os pares da Câmara poderiam reconhecer esse lapso lamentável do passado e como escusas, denominar uma rua ou algo do gênero com o nome de Manoel Rufino de Medeiros e outra com o de Mário Augusto de Medeiros.
      
         Longe de qualquer preconceito ou acepção de pessoas, se o Tapichi por ser uma figura popular dos bares e botequins, por sua longevidade etílica mereceu reconhecimento “pós mortem”, Manoel Rufino de Medeiros pelo seu trabalho, merecia mesmo ter seu retrato perenizado no quadro de honra das figuras ilustres da Câmara. Ali mesmo, onde sorrateiramente, o major Fonseca, há muitos anos homenageado com o nome numa das principais escolas de Itapetininga, ocupa um espaço que não é dele. A falta de seriedade nas pesquisas históricas fez dele um intruso, enquanto os legítimos filhos da terra são esquecidos.

domingo, 23 de outubro de 2011

NOSSA CIDADE É CRUEL, DESUMANA, PRECONCEITUOSA, RICA E ESTÚPIDA

Parte 1

Parte 2

"Nossos guardiães do atraso dependem da nossa ignorância"

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

BANDO DE CORDEIRINHOS CABISBAIXOS


         O principal jornal espanhol El Pais, numa análise da transição Lula-Dilma, conclui que Dilma já governa sem Lula e que o que falta agora é combater a corrupção. Herdada, pois. Porque a corrupção não nasceu no governo Dilma. Eu já escrevi que quase não temos tempo de assimilar um caso e já outro aparece a tirar as atenções do anterior e aliviar para quem vai passando na fila. A vez, agora, é do Ministro dos Esportes. Certamente isso não vai escandalizar os brasileiros, que já se viciaram em denúncias e vão se entorpecendo, ainda que os serviços públicos fiquem cada vez piores. Porque, afinal, o dinheiro da corrupção, que é o dinheiro dos impostos de todos, é o que paga educação, saúde, segurança, justiça, transportes.


         Está marcada para o próximo feriado, o 15 de Novembro, outra manifestação nacional contra a corrupção e o desmando generalizado. Fico com medo de encarar a realidade. A última, no 12 de Outubro, foi um fiasco. Não para os que foram às marchas. Mas para os que não foram. Como eu já lembrei aqui, em apenas uma missa do Padre Marcelo, em recinto fechado, compareceram mais brasileiros que nas 25 cidades de 18 estados que realizaram manifestações de cidadania pelas ruas.

         Será que estamos nos tornando um bando de cordeirinhos cabisbaixos que fingimos ser felizes? Agora mesmo metade do país engoliu o horário de verão sem ao menos contestar que o nome já é uma mentira, porque mal começou a primavera. Uma muçulmana se recusa a tirar o véu para fazer carteira de motorista e o Detran de São Bernardo do Campo ainda investiga a "discriminação". Meu amigo careca, que não tira a boina, vai tentar a mesma sorte e acusar de discriminação contra os portadores de alopécia - ao chamá-los de carecas pode se levantar a ridícula comunidade do politicamente correto para passar por cima da Constituição e censurar minha livre manifestação de pensamento.

         Por isso, os políticos dizem abertamente que a opinião pública pode se lixar, uma vez que ela se lixa mesmo. Está interessada, aqui na Terra, em futebol e novela. A cidadania murchou. Nos falam de aquecimento global e todos acreditamos sem contestar que a Terra, ao contrário, está esfriando. Lembram-se do menino João Hélio, arrastado até a morte pelas ruas do Rio? Convocaram uma passeata. Foram 500 pessoas. Era Carnaval. Adiar o carnaval para marcar o protesto? Nem pensar. 50 mil estavam na Marquês de Sapucaí. Abram alas que o Rei Momo vai passar.
Alexandre Garcia

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

RETIRADA DE PLACAS DA SP-139 CONTRIBUI PARA A PERDA DE IDENTIDADE DOS RIOS DO PARQUE CARLOS BOTELHO

Por Renato Lobo

Há alguns dias (inicio de agosto 2011), constatamos uma anomalia ao longo da SP-139, no trecho São Miguel Arcanjo - Sete Barras. Da noite para o dia, foram retiradas todas as placas identificadoras dos córregos e rios que cortam essa rodovia. A partir de um projeto de lei  do deputado/Secretario de Saneamento e Recursos Hídricos  Edson Giriboni (http://www.al.sp.gov.br/geral/comissoes/ata.jsp?idAta=5560&comissao=99983&legislatura=16) que confere denominação a todas as pontes sobre rios ao longo da SP-139, procedeu-se a substituição das antigas placas identificadoras dos citados rios por placas identificadoras de pontes.

O prejuízo da informação geográfica é evidente. Os nomes dos córregos e rios são elementos geográficos que constam em todos os mapas do IBGE e são referências fundamentais em qualquer trabalho científico, ainda mais se for considerado que a maioria deles encontra-se dentro do Parque Estadual Carlos Botelho. Portanto, justifica-se manter a identificação dos rios através de suas placas.

A anormalidade sugere alguns questionamentos e reflexões:
1) Porque as placas não foram confeccionadas incluindo o nome dos rios?
2) Qual o preço das placas identificadoras das pontes?
3) Qual o custo da correção da anormalidade?
4) Porque os responsáveis pelo Parque Carlos Botelho/ DER /Secretaria de Saneamento – Recursos Hídricos não se posicionaram a tempo para correção da anormalidade, antes do evento de inauguração ocorrido no início de setembro/2011?

Que os órgãos envolvidos cuidem do objeto principal, a preservação desses rios que cortam o Parque Carlos Botelho. Valores incomensuráveis como transparência, pureza, integridade, harmonia são transmitidos por esses rios.

Um rio não perde sua identidade por si,  é necessário a atuação de agentes externos.  A morte desses rios pode estar começando pela retirada das suas respectivas identidades. Subtração de identidade é um ato ilegal e merece correção.


terça-feira, 20 de setembro de 2011

ESTADO DA PALESTINA

         Em menos de 24 horas, a Assembleia Geral da ONU vai se reunir e o mundo terá a oportunidade de abraçar uma nova proposta que poderá mudar a maré de décadas de fracassadas negociações entre Israel e Palestina: o reconhecimento do estado da Palestina pela ONU.

         Mais de 120 nações do Oriente Médio, África, Ásia e América Latina já abraçaram essa iniciativa, mas a ala direita do governo de Israel e os EUA estão tentando bloquear esse processo. A Europa ainda está indecisa em votar com o resto do mundo nessa oportunidade única de acabar com 40 anos de ocupação militar. Iniciativas americanas fracassaram por décadas, enquanto Israel confinou os Palestinos a pequenas áreas, confiscou suas terras e bloqueou sua independência.

         Apesar das raízes dos conflitos entre Israel e Palestina serem complexas, a maioria das pessoas de todos os lados concordam que o melhor caminho para paz é a criação de dois estados. Entretanto, repetidos processos de paz têm sido enfraquecidos por violência em ambos os lados, a construção extensiva de assentamentos feita por Israel na Cisjordânia, além do bloqueio humanitário na Faixa de Gaza. A ocupação de Israel diminuiu e fragmentou o território palestino e tornou a vida dos palestinos uma prova diária. A ONU, o Banco Mundial e o FMI anunciaram recentemente que os palestinos estão prontos para governar um estado independente, mas que o grande empecilho para o sucesso é a ocupação de Israel. Até mesmo o presidente dos EUA pediu para que os assentamentos tivessem um fim e retornassem às fronteiras de 1967 com a troca acordada de terras, mas o primeiro-ministro israelense Netanyahu se recusou furiosamente a cooperar.

         Enquanto os governos de Israel e EUA estão chamando a iniciativa de “unilateral” e perigosa, na verdade, as nações mundiais definitivamente apoiam esse movimento diplomático não-violento. Um reconhecimento global da Palestina poderia acabar com o discurso de extremistas que dizem que a violência é a única solução, além de promover um movimento de crescimento sem violência palestino-israelense em sintonia com a dinâmica democrática de toda a região. Mais importante, o reconhecimento resgataria um caminho para uma solução negociada, e permitiria o acesso dos palestinos à uma variedade de instituições internacionais que podem ajudar a avançar a liberdade palestina, e enviar um sinal claro para o governo pró-assentamento de Israel que o mundo deixará de aceitar sua impunidade e intransigência.

         Por muito tempo, Israel enfraqueceu a esperança por um estado palestino. Por muito tempo, os EUA os apaziguou, e por muito tempo a Europa se escondeu atrás dos EUA. Agora, a Europa está em cima do muro em relação à legitimidade do estado palestino.

         A legitimidade do estado palestino não vai trazer uma solução para esse conflito rebelde do dia pra noite, mas o reconhecimento vai mudar a dinâmica e começará a destravar as portas para a liberdade e paz. Por toda a Palestina, as pessoas estão se preparando com esperança e expectativa para recuperar uma liberdade que eles jamais conheceram.

domingo, 11 de setembro de 2011

SELVAGERIA CAIPIRA NO CIRCO DE HORRORES

Antônio Veronesi

Circulam na internet imagens assustadoras dos bastidores das "festas" de peão e boiadeiro. Hipócrita a classificação de "festa" para um espetáculo onde animais indefesos são humilhados e agredidos!

Assim como no racismo, devemos refletir sobre a imoralidade do especismo que nos autoriza "sentenciar" o destino de outras espécies submetidas à nossa inteligência "superior". O filosofo Peter Singer lança sobre essas trevas um facho de luz e de esperança.

Disfarçado pelo eufemismo de "festa", esse moderno-circo-de-horrores é fortemente contestado em todo o mundo civilizado e, mesmo em Espanha -onde as corridas de touro confundem-se com a própria identidade do país- a sociedade, com seu engajamento, impôs sua proibição a mais de uma quinzena de cidades.

Como em Espanha, a luta para proibir os rodeios vai encontrar forte resistência no Brasil, especialmente devido às cifras astronômicas envolvidas nesses espetáculos. Alguém chegou a escrever-me argumentando que "...parte dos lucros de Barretos vai para o Hospital do Câncer..." como se isso a tudo justificasse! Pergunto: se parte do dinheiro do tráfico de drogas for doado ao hospital do câncer, isso desagrava esse recurso de suas origens?

Proponho um engajamento contra essa orgia de violências, essa selvageria caipira dos rodeios onde "homens" pretendem fazer prova de valentia humilhando animais indefesos...E ouso sonhar com um Brasil onde o desrespeito aos animais seja punido pela lei e repudiado por toda a sociedade.

 Para aqueles que ainda têm dúvidas, vejam os vídeos abaixo. Mas atenção: As imagens são extremamente fortes e devem ser evitadas por pessoas sensíveis. Contrariamente ao que diz  o texto do YouTube, elas não foram registradas em Barretos.  Mas a arrogância dos homens, diante do sofrimento dos animais, é a mesma!

http://www.youtube.com/watch?v=ql7QkmbtwTs
http://www.youtube.com/watch?v=OPL2-9wUCpY
http://www.youtube.com/watch?v=AbKsNRa3HVI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=y-j5cAVeseM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=8JQ7EG7KYw8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=OIE7kcZCsCY&feature=related

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

DERRUBA A MÃE, PEÃO

Por Lilian Buzzetto

Poucas vezes na vida algo me deixou tão revoltada quanto o peão de Barretos que quebrou a coluna de um bezerro. O bicho estatelado na arena, carregado por não conseguir levantar não vai sair da minha memória por muito tempo. (Pedi expressamente para não ilustrarem o texto com a foto do evento porque não quero nenhuma célula ou pixel daquela besta perto de mim).

Quando vejo coisas assim perco a vontade de salvar o planeta - sinto ganas de usar mais plástico, poluir, sujar, colaborar para que a obra divina seja o mais fodida possível. Para garantir, escrevo esse texto com o chuveiro ligado, gastando bastante água e energia. Por quê? Porque não tenho a menor vontade de deixar um mundo melhor para as próximas gerações... Aliás, sequer sei se uma próxima geração de gente é boa idéia.

Gente como esse César Brosco e todos os espectadores pendurados em volta fazem com que eu queira a humanidade varrida da existência. Algumas outras espécies inocentes vão junto, claro, mas - venhamos e convenhamos - elas já estão bem ferradas por coabitar o planeta conosco pra começar. E, abrindo espaço, quem sabe evolua alguma forma de vida que preste para povoar a esfera azul.

Aliás, falando em espécie, recuso-me terminantemente a acreditar que eu e essa peãozada fazemos parte da mesma. Prefiro ser chamada de vaca a compartilhar qualquer semelhança com essa raça de gente que usa fantasia de texano fora de festa temática. E me sentiria muito mais digna usando os chifres do que o chapéu.

Como bradei aos quatro ventos ao saber da notícia, o Código Penal me proíbe de ameaçar ou tomar a atitude que eu acho cabível com essa criatura e seus pares... ok. Mas não há nada na lei me tolhendo o direito de torcer que eles terminem suas vidas tão tetraplégicos quanto o bezerro na arena. Desejar não é crime e eu desejo muito que essa gente se foda. De preferência, num acidente que envolva um chifre enfiado no reto levando o saco na ponta de lambuja.

Sim, minha alma está enegrecida pelo ódio e muito provavelmente eu preciso aprender algo sobre compaixão e perdão. Talvez, eu devesse sentir pena desses ignóbeis. Mas eu não sou tão correta assim. Prefiro odiar irracionalmente, correr o risco de ser reprovada na vida e reencarnar como besouro rola bosta a voltar junto com a trupe do chapéu.

Preconceito? Não tem nada de pré nisso. É PÓS CONCEITO. Depois de tudo que já li, vi e ouvi sobre touradas, rodeios, brigas de galo e atividades de lazer que machucam os animais, desconfio que a humanidade tem muito mais psicopata enrustido do que a gente quer acreditar... E psicopata é o termo correto, na minha opinião, porque sentir prazer com o sofrimento de animais é parte da velha Tríade de McDonald que os psiquiatras usam para identificar a escória humana que não tem solução. (Sou capaz de apostar que a maioria deles mija na cama também).

Nem mesmo quando ouço sobre crimes hediondos fico tão indignada. Assassinatos, estupros, gente botando fogo em filho... nada me revolta neste nível. Talvez porque, no fundo, mesmo quando há gente inocente sofrendo, é tudo parte da mesma raça e a humanidade que se entenda. Agora, os animais, menos evoluídos, não deveriam ter nada a ver com a parcela escrota da população que mata - não para comer, não para se defender, não para disputar algo necessário para a sobrevivência - mas para se divertir de alguma forma distorcida e sádica.

Se esses machões precisam demonstrar algum tipo de brutalidade para se sentirem bem, deveriam passar o resto da vida quebrando pedra na Sibéria (ou minerando a Patagônia, por proximidade) para mostrar a força. Ou tal corja poderia ser condenada a puxar carroça pesada no lugar do burro - o que serviria bem para exibir potentes músculos e, de quebra, para fazer algo que preste. Eu acho.

Não posso fazer muita coisa além de não compactuar e tornar público o quanto detesto esses esportes que envolvem a prática de maus-tratos com os animais e seus respectivos praticantes. Mas posso pedir encarecidamente para todos aqueles que souberem quem são os PATROCINADORES deste tipo de selvageria, que me avisem. Farei questão de nunca consumir um só produto que eles fabriquem - e fazer campanha contra. Não é muita coisa, principalmente sozinha, mas no mundo capitalista é o melhor jeito que conheço para agredir dentro do permitido.

E quanto à humanidade, termino com um recadinho para o superior hipotético me apropriando das palavras de George Carlin: "Se este é o melhor que você pode fazer, Deus, NÃO ESTOU IMPRESSIONADA"... Agora, deixa eu achar um site de astronomia para ver se consigo restaurar a fé em algum tipo de ser supremo onipotente e minimamente competente. Ou torcer para que os cientistas tenham encontrado um asteróide do tamanho da Lua em rota de colisão com esta merda.

E quem gosta de rodeio, pode continuar gostando. Mas não quero NENHUM contato e estou pouco me lixando para o que você pensa a meu respeito ou à minha opinião. Retribua se lixando para a minha e se afaste antes que eu vomite no tapete.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

COPA 2014 JÁ TEM SEUS PERDEDORES


      As primeiras reações à escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo 2014 foram de festa.
      De certo modo justificada: depois de mais de 60 anos, o país que tem o futebol como uma marca de cultura popular, com centenas de milhares de campos de várzea espalhados por todos os cantos, poderia voltar a ver de perto o maior evento futebolístico do planeta.
      O menino da favela poderia, quem sabe, ir ao estádio ver seus maiores ídolos, que costumam se exibir apenas nos campos europeus. Um sonho…
      Que não tardou muito em gerar desilusão.
      De início, apareceu o incômodo problema de quem iria pagar a conta.
      E veio a resposta, ainda mais incômoda, de que 98,5% do gordo orçamento do evento seriam financiados com dinheiro público, segundo estudo do TCU. Boa parte do BNDES, é verdade. Mas o capital do BNDES é alimentado pelo Orçamento Geral da União, portanto, dinheiro público, apesar dos malabarismos explicativos do Ministro dos Esportes.
      Dinheiro que deveria ser investido no SUS, na educação, em habitação popular e tantos outros gargalos mais urgentes do país.
      A questão torna-se ainda mais grave quando, motivado pelo argumento do tempo curto até 2014, o controle público dos gastos corre sério risco.
      A FIFA impõe contratos milionários com patrocinadores privados. E o presidente do todo-poderoso Comitê Local é ninguém menos que Ricardo Teixeira, que dispensa comentários quanto à lisura e honestidade no trato com dinheiro.
      Estes temas têm sido amplamente tratados pela grande imprensa.
      No entanto, há uma outra dimensão do problema, infelizmente pouco abordada. E não menos grave. Trata-se das consequências profundamente excludentes dos investimentos da Copa nas 12 cidades que a abrigarão.
      Três anos antes da bola rolar, esta Copa já definiu os perdedores. E serão muitos, centenas de milhares de famílias afetadas direta ou indiretamente pelas obras.
      Somente com despejos e remoções forçadas já há um número de 70 mil famílias afetadas, segundo dossiê de março deste ano produzido pela Relatora do Direito à Moradia na ONU, Raquel Rolnik.
      E estes dados foram obtidos unicamente através de denúncias de comunidades e movimentos populares. O que significa que os números tendem a ser muito maiores.
      A Resistência Urbana – Frente Nacional de Movimentos solicitou a representantes governamentais do Conselho das Cidades um dado estimado de famílias despejadas e recebeu a resposta de que este levantamento não existe. O Portal da Transparência para a Copa 2014 tampouco fornece qualquer informação. Há uma verdadeira caixa-preta entorno dos números.
      Isso facilita que qualquer processo de remoção receba o carimbo da Copa e, deste modo, seja conduzido em regime de urgência, sem negociação com a comunidade e passando por cima dos direitos mais elementares.
      E, o que é pior, na maioria dos casos não há qualquer alternativa para as famílias despejadas. Quando há, são jogadas em conjuntos habitacionais de regiões mais periféricas, com infra-estrutura precária e ausência de serviços públicos.
      Não é demais lembrar que, na África do Sul, milhares de famílias continuam hoje vivendo em alojamentos após terem sido removidas para a realização da Copa 2010.
      Quem sorri de orelha a orelha é o capital imobiliário.
      As grandes empreiteiras e, principalmente, os especuladores de terra urbana se impõem como os grandes vitoriosos. Nunca ganharam tanto.
      Levantamento recente do Creci-SP mostra que em 2010 houve uma valorização de até 187% de imóveis usados em São Paulo e um aumento de até 146% no valor dos aluguéis. A rentabilidade do investimento imobiliário superou a maior parte das aplicações financeiras Para este segmento a Copa é um grande negócio.
      Quem perde com isso é a maior parte do povo brasileiro. O trabalhador que ainda podia pagar aluguel num bairro mais central é atirado para as periferias. E mesmo nas periferias, os moradores são atirados para cidades mais distantes das regiões metropolitanas.
      As obras da Copa desempenham um papel chave neste processo de segregação. O exemplo de Itaquera não deixa dúvidas: os preços de compra e aluguel dos imóveis dobraram após o anúncio da construção do estádio. Aliás, não se trata de um fenômeno apenas nacional: as Olimpíadas de Barcelona (1992), por exemplo, foram precedidas de um aumento de 130% no valor dos imóveis; em Seul (1988) 15% da população sofreu remoções. A conta costuma ficar para os mais pobres.
      Isso quando não se paga com a liberdade ou a vida. Na África do Sul, durante a Copa 2010, foi criada por exigência da FIFA uma legislação de exceção, com tribunais sumários para julgar e condenar qualquer transgressão. O Pan do Rio foi precedido de um massacre no Morro do Alemão, com dezenas de mortos pela polícia, supostamente “traficantes”. Despejos arbitrários, repressão ao trabalho informal, manter os favelados na favela e punir exemplarmente qualquer “subversão”, eis a receita para os mega-eventos. Receita que mistura perversamente lucros exorbitantes, gastos públicos escusos e exclusão social.

Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), militante da Resistência Urbana – Frente Nacional de Movimentos e da CSP Conlutas (Central Sindical e Popular).

sábado, 27 de agosto de 2011

ARTISTA PROTESTA CONTRA OS RODEIOS

 
     
      O  painel será feito na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na altura do número 324, na Zona Oeste da cidade de São Paulo, com o objetivo de protestar contra as "festas de rodeio" que acontecem no estado. A obra do artista plástico e grafiteiro Eduardo Kobra foi pensada após um bezerro ficar paralítico e ter que ser sacrificado após uma "prova" na Festão do Peão de Barretos, no dia 19 de agosto. “A cena é de uma estupidez enorme, que só mostra a violência humana contra os animais. Fiz questão de mostrá-la em um muro, para fomentar ainda mais a indignação”, disse Kobra

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CONTROLE DE NATALIDADE PARA POBRES


      Após ter sua casa assaltada na manhã de terça-feira (23), o deputado Antonio Salim Curiati (PP), 83, defendeu o controle de natalidade da população pobre como solução para a criminalidade: “A Dilma vem falar do Bolsa Família. Aí você agracia a comunidade carente, e eles começam a ter filhos à vontade. É preciso controlar a paternidade (sic).”

      Segundo noticiado através do UOL, o nobre deputado ainda citou países onde o ladrão tem suas mãos decepadas como punição, mas disse não apoiar a iniciativa. “Não sou tão radical assim.”

      Esse tipo de declaração facilita a vida dos jornalistas. É uma piada pronta! Discorrer sobre as toneladas de discriminação social que pesam sobre ela seria chutar cachorro morto.

      Considerando que os crimes do colarinho branco e a violência física são constantes na classe política (a lista é historicamente grande: de Hildebrando Pascoal e as torturas com motosserra, passando por prefeito indiciado por chacinar fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego até incontáveis assassinatos de rivais ou líderes sociais), mais do que em qualquer outro agrupamento social, pergunto-me se Curiati concordaria com o controle de natalidade dos que são eleitos por voto popular.

      Afinal de contas, a hereditariedade da política tem produzido alguns clãs que passam o poder de pai para filho, defendendo interesses particulares em detrimento a res publica. Temos exemplos notáveis no Maranhão, na Bahia, em São Paulo… Melhor, por via das dúvidas, impedir que eles fiquem se reproduzindo por aí, gerando linhagens que custam tão caro aos nossos suados impostos.

      Curiati parece um homem sincero ao falar do tema. Faz sentido, portanto, imaginar se os kibes que ele levou como mimo a Paulo Maluf quando este se encontrava preso na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, em setembro de 2005, foram batizados com algum anticoncepcional ou agente esterilizante. Afinal, Maluf e seu filho estavam sendo acusados de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

      Por fim, vale lembrar que membros do Partido Progressista se notabilizaram por posições um tanto quanto estranhas. Em um quadro de perguntas e respostas do programa CQC, em março deste ano, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse que um filho que fuma maconha merece levar “porrada”, um pai presente e boa educação garantem que a prole não seja gay e que seus filhos eram educados e que não viveram em ambiente de promiscuidade (quando questionado o que aconteceria caso se apaixonassem por uma negra). Outra frase de efeito sua: “O grande erro foi ter torturado e não matado” – esta dita após seminário no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2008, contra manifestantes do Grupo Tortura Nunca Mais e da União Nacional dos Estudantes. Maluf (PP-SP) já sugeriu aos criminosos “estupre, mas não não mate”. Celso Russomano, também da área paulista do partido, chegou a defender a redução da idade mínima para trabalho, o que possibilitaria que crianças de 12 anos pegassem no batente.

      Em tempo: também sou contra cortar a mão dos políticos que forem pegos em casos de corrupção. Fazendo minhas as palavras do deputado, “não sou tão radical assim”.

Leonardo Sakamoto
 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

PEÃO TRAVESTIDO DE CAUBÓI NORTE-AMERICANO TORTURA ANIMAL ATÉ A MORTE EM BARRETOS


Morte de bezerro em rodeio pode gerar ação por formação de quadrilha.  A ação de entidades de proteção animal contra a Festa do Peão de Barretos será por formação de quadrilha. A representação, na Promotoria Criminal, será feita por conta da morte de um bezerro na sexta-feira. O animal foi sacrificado depois da prova bulldog, em que o peão precisa derrubar o bezerro com as mãos.

De acordo com o presidente da ONG PEA (Projeto Esperança Animal), Carlos Rosolen, serão denunciados a associação Os Independentes, que organiza o evento, o veterinário responsável e o torturador Cesar Brosco. "Eles sabiam que isso poderia acontecer e assumiram o risco", afirma Rosolen.

O bezerro ficou tetraplégico durante a prova na arena no fim da noite de sexta-feira (19). Na modalidade, um imbecil travestido de caubói norte-americano salta sobre o animal e com os braços tem que imobilizá-lo. A suspeita é que bezerro tenha quebrado a coluna cervical.

Segundo a assessoria do evento, o “competidor” executou os procedimentos para a prova de bulldog e depois que terminou foi verificado que o bezerro ficou imóvel na arena. Os veterinários constataram que a paralisia havia evoluído. O animal foi, então, sacrificado, o que, segundo a assessoria do evento, é o procedimento normal nessas ocasiões.  Já pensaram se o mesmo procedimento fosse adotado quando esses “caubois” se machucassem ?

O PEA deverá ratificar a ação que será feita pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, entidade que congrega várias associações. Para Sônia Fonseca, presidente do fórum, a morte do bezerro é mais uma prova de que há maus-tratos contra animais dentro dos rodeios.

O fórum também irá pedir à Justiça que esse tipo de prova seja eliminado. A WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal), que levará o caso ao recém criado Grupo de Atuação Especial de Defesa Animal, do Ministério Público, também ingressará com ação semelhante.

Há quatro anos, a prova do laço foi banida por causa da falta de um redutor de impacto nos animais.

Momento em que o torturador de animais cesar brosco quebra a coluna cervical do Bezerro


Torturador em seu "grande momento"


 Bezerro permanece imóvel no chão 


Animal é retirado para ser sacrificado

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


      A cena é de 2010, mas fatalmente se repetirá neste ano: Uma mãe, na saída de uma escola infantil, segurava pelas mãos um garoto de uns dois anos, com olhar assustado, com uma capa preta e uma cartola também preta com pequenas figuras de abóboras levando nas mãos uma espécie de machado de plástico.

      “A cultura é um sistema perceptivo de armazenagem e divulgação de informações de uma pessoa a outra. São processos inseparáveis da memória de cada indivíduo que formam uma comunidade. Ou seja, a estrutura de organização de uma sociedade se manifesta na orientação de sua memória coletiva. Cultura é assim memória coletiva não-hereditária. O que nossos avós e toda a estrutura social do século 19, que atravessou o século 20, sentiam, pensavam e percebiam desembocou naquilo que somos hoje. Mas de maneira a influenciar e não a determinar. Fosse hereditária, a cultura seria estanque. E não é”.

      Toda essa reflexão está calcada na informação mercadológica de que as vendas de materiais para fantasias da festa de Raloim, festa típica da cultura estadunidense, batem a então tradicional festa brasileira do Carnaval, em mais de 40%.

      O que explicaria esse fato é o interesse desenfreado das crianças. Ou das mães... As jovens na faixa etária entre 24 anos e 30 anos, com filhos nas pré-escolas ou ensino fundamental, foram as primeiras no Brasil, quando cursavam alguma escola de idioma inglês, a ter contato com as fantasias e apetrechos para a festa. E carregam, obviamente, essa alegria de poder brincar novamente, porém, agora, através dos filhos. Isso tende a persistir por gerações até que por alguma razão esse encantamento por brincar de bruxa e se fantasiar seja trocado por algum outro novo hábito.

      Esse é o ponto central dessa discussão. Não se trata de apenas e simplesmente julgar e acusar os brasileiros de macacos imitadores dos Estados Unidos. Claro que somos, afinal nada do que provocou a tradição do Raloim primeiramente na Irlanda e depois nos Estados Unidos (culturas anglosaxãs) tem relação com a cultura brasileira (latina). O ponto central é observar em qual momento a memória coletiva do brasileiro abandonou suas raízes e se permitiu ficar encantado.

      O Raloim nada mais é do que apenas mais um aspecto dessa massificação da cultura estadunidense sobre nós: o Papai Noel entrou em nossa vida como se de fato existisse, Nem mesmo as imagens das pesadas roupas de frio em contraponto com o nosso calor tropical chocam mais. O faroeste (hoje fora de moda) já ocupou horário nobre na TV brasileira. Hoje outra imitação importada são os rodeios, que infestam principalmente o interior paulista.

      Todos esses aspectos, isoladamente, têm um significado limitado. Mas no contexto social e histórico explicam ações cada vez menos sociais de nossa cultura. Explicam o individualismo do cada um por si. Explicam a falta de generosidade. Características que não eram da nossa cultura. Não eram. Mas são incrustadas em nosso inconsciente pelas mensagens subliminares que começam inocentemente com uma simples brincadeira onde o mote se expressa nessa palavra de ordem: “doce ou traquinagem”. Ou seja, “me dá o que eu quero senão eu te faço algum mal”.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

ALGEMAS

A recente operação da Polícia Federal que colocou sob regime de prisão temporária e prisão preventiva vários servidores do Ministério do Turismo deu margem a uma gritaria generalizada através da imprensa.

Parlamentares, membros do governo, a presidenta Dilma e até mesmo o ex-presidente Lula questionaram duramente o fato dos presos terem sido submetidos a um tratamento indigno. Foram algemados pelos policiais federais e tiveram suas fotografias divulgadas na imprensa como "bandidos comuns", sem camisa e segurando uma cartolina com identificação.

O mundo veio abaixo na área política. A gritaria foi geral: O Ministro da Justiça que vai responsabilizar o agente federal que aplicou algema no secretário-executivo do Ministério; grita a presidente, indignada; esbraveja o líder do PMDB que indicou a pessoa; reclama o ex-presidente de que "pessoa que têm endereço fixo, RG e CPF seja presa como se fosse um bandido qualquer." Tem razão; não é um bandido qualquer, é mais do que isso. Desviar dinheiro dos nossos impostos, que depois vai faltar para a educação, saúde, segurança, estradas, deveria ser crime hediondo. Mas projetos-de-lei para considerar hediondo o crime de desviar dinheiro do povo dormitam nas gavetas dos que indicam essa gente ou temem um dia também ser algemados.

A dignidade do preso, de qualquer preso, independente do crime de que esteja sendo acusado ou pelo qual tenha sido condenado, deve ser respeitada. Expô-lo à execração pública é, no mínimo, submeter o preso, suspeito ou criminoso condenado, a uma dupla pena. Dupla pena que, inclusive, ultrapassa o próprio preso e alcança sua família.

Da mesma forma, princípios como o da presunção da inocência não podem ser ignorados. Até que um tribunal decrete uma sentença que reconheça o crime e sua autoria, o acusado é tão somente um réu.

Mas, diariamente, assistimos em praticamente todas as emissoras de televisão do país, seja em telejornais, seja em programas estilo "mundo cão" dedicados à exploração circense dos problemas sociais, a condenação antecipada, ao vivo e a cores, de dezenas e dezenas de cidadãos brasileiros. Aqui, não faltam algemas, cenas de violência, arbitrariedades policiais. Apresentadores, âncoras do telejornalismo, especialistas de última hora, populares entrevistados, todos travestidos de juízes, condenam sem qualquer apelação.

Não lembro de ter visto qualquer autoridade da República gastar um pouco que seja do seu precioso tempo na defesa destes cidadãos. Não os vejo, nunca, indignados com tais indignidades, com tamanho desrespeito. Nestes casos que, diariamente nos chegam pela mídia, algemas e imagens se tornam invisíveis, princípios e garantias dos cidadãos são esquecidos.

A compreensão, perigosamente naturalizada, é de que há crimes e crimes. Criminosos e criminosos. Para os suspeitos ou condenados por determinados crimes, direitos e garantias devem ser aplicados. E se não forem aplicados: gritaria, pronunciamentos, editoriais. Já para outros crimes, para certos criminosos, para os... "bandidos comuns". Bem, para estes, direitos e garantias são um luxo. Para estes, as algemas são como pulseiras que enfeitam. Não machucam os punhos. Não fazem autoridades levantarem a voz.

O que é mais grave: a aplicação de algemas ou desviar milhões do dinheiro do povo? É lamentável que os que se dizem estarrecidos pelo uso de algemas não fiquem estarrecidos com os desvios de bilhões do dinheiro do povo. E que, algemas e fotos sem camisa talvez sejam as únicas penas que eles receberão, inclusive sem devolver o dinheiro. Essa gente têm sorte de estar no Brasil, onde têm tantos defensores nas altas esferas. Se estivessem no Irã, poderiam não ter algemas, porque tampouco teriam mãos.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

JOSÉ CARLOS MONTEIRO TERRA

        
         Ao juntar minha bagagem de jornalista e partir para Sorocaba como redator do jornal Cruzeiro do Sul nos idos de 1975, encontramos o professor de química José Carlos Monteiro Terra, da OSE - Organização Sorocabana de Ensino, e pudemos matar a saudade do tempo do Parque Infantil, quando pulávamos o muro da sua casa (hoje lamentavelmente descaracterizada) na tentativa de dar continuidade à correria, para a qual o espaço arenoso do parque era pequeno. Muitas vezes, sua mãe, a dona Mimi, imortal professora de todos nós, depois de nós dar uma bronca colocava o Zé Carlos de castigo pelo resto da tarde. Depois, voltei para São Miguel Arcanjo e vim saber do amigo, quando de suas núpcias e posteriormente quando cursava engenharia.

         Certa ocasião, o meu amigo Paulo Manoel, sempre às voltas com seu moinho de vento com relação ao nosso chão, resolveu reunir elementos da diáspora são-miguelense, para saber o que faziam e onde era o paradeiro destes, convidando-os a impulsionar de alguma forma a cultura da terra. Encabeçando a lista estava o padre Marivaldo de Oliveira, que além de abrir os braços, franqueou sua paróquia para encontros e reuniões. Numa noite, enquanto eu fazia meu programa de rádio o José Carlos Monteiro Terra me telefonou perguntando se ele poderia ir até a emissora mostrar o seu projeto junto aos egressos da Fundação Casa, incluindo na atividade laboral indivíduos apenados, sem perspectiva de futuro. Era um trabalho voluntário do amigo sãomiguelense, que merecia um programa inteiro. E assim o fiz. E desde aquele dia, onde eu estive inclusive com um programa jornalístico na TV só meu, com uma hora de duração, eu levei o José Carlos. Aplaudindo e incentivando o projeto do moço, outro sãomiguelense de estirpe: o Aylton Sewabricker, que na época era presidente da Fundação Ubaldino do Amaral, entidade mantenedora do Jornal Cruzeiro do Sul, do Colégio Politécnico, da TV Cidade de Sorocaba, pertencentes à Loja Maçônica Perseverança III. Para quem não sabe, o Aylton Sewbricker e neto do saudoso Joaquim Maestro. Certa feita nos reunimos no jornal Cruzeiro do Sul e tiramos uma foto histórica para recordação, chamada “São-miguelenses ausentes, sempre presentes”.


          José Carlos aparece agora com outras boas novas na área em que abraçou. Deverá estar concluindo um MBA de Gestão Empreendedora de Negócios na Esamc e o tema de sua monografia é a “Implantação de um parque agro-industrial em São Miguel Arcanjo”. Além da literatura acadêmica, o moço entrou em contato com o prefeito Celso Mocim e com seu secretário Ari Rosa, os quais estão aguardando o projeto para estudar a viabilidade. Segundo José Carlos, sua intenção é ampliar oportunidades de trabalho para a população carente, de forma a aquecer a economia do município. Em sua demonstração às autoridades municipais, o engenheiro fez questão de lembrar que seus dois avós: José dos Santos Terra e Edwiges Monteiro foram prefeitos em São Miguel Arcanjo no começo do século XX. Além desses fatores que por si só já são importantes, José Carlos se propõe prestar consultoria para a estruturação empresarial, buscando melhorias de resultados e de sustentabilidade.

         José Carlos Monteiro Terra trabalha voluntariamente no CDP - Centro de Detenção provisória de Sorocaba, desde 2009, num projeto chamado “Carpie Diem”, para tirar a população carcerária da ociosidade, angariando junto às empresas com quem se relaciona, espaço de trabalho para ex-detento. O José Carlos é gente nosso que brilha e merece nosso aplauso.

Orlando Pinheiro

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

7º PRÊMIO LOLLO TERRA DE MPB


         O 7º Prêmio "Lollo Terra de MPB", evento em homenagem ao compositor Auro Antônio dos Santos Terra (Lollo Terra), acontecerá de 26 a 30 de outubro de 2011, no Clube Recreativo "Bernardes Jr." na cidade de São Miguel Arcanjo, SP.

         Neste ano, o festival também homenageará os 40 anos de realização de festivais de MPB em São Miguel Arcanjo (1971-2011), relembrando os concorrentes e vencedores, do passado e da atual fase de realizações.

         Em sua sétima edição, o Prêmio “Lollo Terra de MPB” consolida-se como um dos principais festivais do estado de São Paulo, mantendo suas principais características: organização qualificada e respeito total ao músico e ao compositor.

      Neste ano os concorrentes estarão disputando prêmios de 10 mil reais. As inscrições já estão abertas através dos sites: http://www.portaldoarcanjo.com.br/ www.festivaisdobrasil.com.br www.premiololloterradempb.blogspot.com 
até o dia 10 de outubro.

domingo, 31 de julho de 2011

PLACAS REFLETIVAS

        
         A Taxa Rodoviária Única (TRU), foi criada em 1969 para arrecadar recursos utilizados na implantação e conservação de estradas. Com ela, o governo militar praticamente criou a malha viária do país. Os recursos gerados pela taxa chegaram um dia a representar 7% do Produto Interno Bruto Nacional.

         Tudo corria bem com essa arrecadação até que surgiram os pedágios, nascidos supostamente para gerar recursos destinados à conservação das rodovias. Uma proibida e imoral bitributação, portanto. Entre manter os pedágios e acabar com a TRU, o governo, sempre genial na hora de explorar o povo, manteve os pedágios, que se multiplicaram, e trocou o nome da TRU, que em 1985 passou a se chamar IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor, que não pega só carros, ônibus, motos e caminhões, mas qualquer veículo motorizado. Continua sendo uma bitributação, mal disfarçada.

         Eis que agora, em ano pré-eleitoral, coincidência ou não, estamos prestes a ser esfolados de novo. O governo decidiu obrigar o uso de placas e tarjetas refletivas nos veículos emplacados a partir de 1º de janeiro do próximo ano (hoje, elas são opcionais e perdem na preferência para as comuns, mais baratas).

         Os Detrans estaduais já estão publicando suas respectivas normatizações para a novidade. O órgão paulista fez sua parte, baixando resolução com os novos tipos e modelos de placas. De início, a idéia é fazer com que os veículos deixem as fábricas já com as novas placas. Carro que tiver placas danificadas terá que usar as novas, quando da regularização.

          As novas placas também serão praticamente 100% visíveis nas câmeras e registros fotográficos dos radares. Ou seja, essas engenhocas eletrônicas vão dentro de pouco tempo provocar o desemprego dos policiais e amarelinhos ou marronzinhos da vida que não fazem outra coisa senão multar, multar e multar.

         Ou seja: deixando-se de lado a conversa fiada de sempre, tentando convencer que as novas placas vão dar mais segurança (palavras chaves usadas pelo Estado falido e incompetente para intimidar cidadãos já inseguros), no fundo essas placas vão na verdade proporcionar mais dinheiro para uns poucos, em detrimento, novamente, da maioria do povo.

         Ainda no campo da conversa fiada, o governo paulista, pela voz do secretário estadual da Gestão, anuncia que, no caso das placas atuais, a troca será a longo prazo, provavelmente seguindo a ordem do dígito final de cada uma - como marcar a troca dos veículos com final 1 para 2012; final 2 para 2013 e assim por diante.

         Num cálculo rápido, se cada placa refletiva deverá custar no mínimo R$ 40 a mais que as de hoje e se a frota paulista chega a 22 milhões de veículos, o governo do Estado deve embolsar algo em torno de R$ 880 milhões.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

MINISTRO DO SUPREMO FALTA EM SESSÃO PARA PARTICIPAR DE FESTA DE CASAMENTO


        O ministro do STF José Antonio Dias Toffoli faltou a um julgamento na corte, a fim de participar do casamento do advogado criminalista Roberto Podval na ilha de Capri, no sul da Itália. Ele não informa quem pagou pela viagem.

        Os noivos ofereceram aos cerca de 200 convidados dois dias de hospedagem no Capri Palace Hotel, um cinco estrelas cujas diárias variam de R$ 1,4 mil a R$ 13,3 mil (de acordo com o câmbio de ontem).

        As informações são do jornal Folha de São Paulo. A matéria é assinada pelos repórteres Cátia Seabra e Rubens Valente. Segundo a edição de hoje (22), procurado pelos repórteres, Toffoli não esclareceu se a viagem, os deslocamentos internos e a hospedagem foram cortesias de Podval. O advogado Podval se recusou a informar quem pagou a hospedagem de Toffoli: "Esse assunto é pessoal, particular, não quero falar sobre isso. Sobre ele ou qualquer convidado, eu não respondo, não tem sentido.

        No STF, Toffoli é relator de dois processos nos quais Podval atua como defensor dos réus. O ministro atuou em pelo menos outros dois casos de clientes de Podval.

        A legislação prevê que o juiz deve se declarar impedido por suspeição se for "amigo íntimo" de uma das partes do processo. Se não o fizer, a outra parte pode pedir que ele seja declarado impedido. Mas as normas nada dispõem formalmente sobre as relações entre julgador (es) e advogado (s).

        Um dos criminalistas mais requisitados de São Paulo, Roberto Podval é defensor de Sérgio Gomes da Silva, acusado de matar o prefeito petista Celso Daniel, também defende o petista Marcelo Sereno, o casal Nardoni (condenado por matar a filha); e a ex-diretora da Anac Denise Abreu.

        O festivo casamento ocorreu no dia 21 de junho e a festa terminou por volta das 5h do dia seguinte. No dia 22, em Brasília, oito ministros do STF decidiram a matéria sobre aviso prévio proporcional ao tempo de serviço prestado. Toffoli não estava.

        Até ontem, o blog da empresa paulista que organizou o casamento trazia detalhes e fotos da festa em Capri. "O casamento foi um evento de proporções épicas. Organizamos a chegada dos 200 convidados que vieram do Brasil e de outros países, auxiliamos nos trâmites de reserva, deslocamento na Itália via trem ou"ferrys"[barcas], check-in e diversos detalhes para que se sentissem em casa", dizia o blog.

        Uma equipe de cabeleireiros e maquiadores foi levada do Brasil. Nos quartos, os convidados encontraram champanhe, frutas e brindes. Houve um show do cantor romântico italiano Peppino di Capri, conhecido pela canção "Champagne", sucesso nos anos 70.

        Uma das organizadoras da festa, Paula Mandel, disse que só poderia falar com autorização dos noivos. Ela não informou por que as informações sobre o casamento foram retiradas do blog da empresa, ontem (21), após o contato com o jornal Folha de São Paulo.

JABURLAMOS - A BOLA DA COPA 2014

        Na semana passada, Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil, divulgou que o custo do estádio da Juventus, Delle Alpi, em Turim, após ser demolido e devidamente reformado, chegou ao valor de R$ 386 milhões. Nada mais, nada menos que aproximadamente 1/3 do que se estima que a reforma do Maracanã custará, algo em torno de mostruosos 1 bilhão de reais, para receber partidas da Copa de 2014.

        A Coface Arena, em Mainz, Alemanha, inaugurada no começo deste ano para substituir o Stadiun am Brucweg tem capacidade para 34 mil pessoas. Para ser construída, desde a primeira pá até a entrega final, sabe quanto foi gasto? "Apenas" 60 milhões de euros, ou se preferir, R$140 milhões. Ou seja, quase 1/7 do valor estimado para a reforminha do Maracanã. A Coface é uma arena confortável, bonita, cuja construção custou R$ 105 milhões e que para seu entorno foram gastos mais R$ 35 milhões, com gramado impecável, e ainda por cima ecológica, pois adota o sistema de energia solar, abastecendo não só sua área, mas também casas a seu redor. É um exemplo para servir de modelo.
        E o estádio do Mainz não é a única excessão no quesito gastos exagerados na Alemanha. O Easy-Credit Stadium, do Nuremberg, passou por reformas à Copa de 2006 e o custo total não ultrapassou 56,2 milhões de euros. Quer mais um exemplo? A Volskwagen Arena, casa do Wolfsburg, no norte da Alemanha, custou em sua construção 53 milhões de euros, valor, que por sinal, é inferior ao da Coface Arena, embora sua capacidade seja também inferior, de 30 mil torcedores.
        Pesquisando ainda mais, os valores de construções e reformas de outros estádios na Alemanha provocam surpresa a nós, acostumados a ouvir os absurdos que deverão ser gastos em estádios para 2014 por aqui. Para se ter ideia, em Natal, está previsto que na denominada Arena das Dunas sejam gastos R$ 450 milhões. Em relação a Coface Arena, R$ 310 milhões a mais e só 10 mil lugares a mais.
        E enquanto isso o Corinthians oficializa a construção do Itaquerão por R$ 820 milhões, obra que será tocada pela Odebrecht, a mesma Odebrecht que é uma das maiores, senão a maior doadora de recursos para as campanhas do PT.
        O custo para realizar a Copa do Mundo 2014 no Brasil está orçado em U$ 15 bilhões, exigindo investimentos de mais de U$ 3 bilhões apenas em estádios. Tudo com financiamento a fundo perdido pelo BNDES ou dá para acreditar que os clubes, maiores devedores de INSS e FGTS, vão pagar estes empréstimos?
        O mais grave de tudo, no entanto, é que com a desculpa de agilizar as obras, o governo federal quer fazer todas as obras ao arrepio da lei, eliminando licitações e afrouxando a fiscalização. Prenúncio de uma roubalheira generalizada. Só para lembrar, o Pan de 2007, que deveria custar R$ 400 milhões, acabou custando R$ 4 bilhões, sendo que até hoje o Tribunal de Contas da União não aprovou as contas.

Não à toa, dizem que a bola da copa, a famosa jabulani na África, aqui no Brasil será a "jaburlamos"...

domingo, 17 de julho de 2011

TIRANDO DOCE DE CRIANÇA


        Quando pensamos que já tínhamos visto de tudo, eis que surge mais um vídeo “instrutivo” na arte de tirar proveito através da manipulação emocional de incapazes:
        Uma criança de nove anos é incentivada por um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus a vender seus brinquedos e doar o dinheiro à igreja para que os pais parem de brigar. Enquanto isso, sua mãe é exorcizada no altar.
        A cena ocorreu em culto da Universal em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. No vídeo, o menino conta ao bispo Guaracy Santos que seus pais têm brigado com frequência. O bispo pergunta que sacrifício ele fará pelos pais. "Eu vou dar tudo que eu tenho", responde a criança. O bispo Guaracy devolve: "E o que é tudo que você tem?". "Brinquedo", diz o menino.
        O bispo insiste: "Você vai vender?". A criança diz que sim, e Guaracy pergunta, referindo-se ao dinheiro: "Pra colocar onde?" "No altar", promete a criança.
        Em seguida, sua mãe aparece em crises de convulsão, sendo segurada por um obreiro da Universal. O bispo diz que ela tem "o demônio" e "uma praga". Depois de “entrevistar” no demônio, incentiva a criança a se aproximar. "Vai lá perto e fala: acabou pra você, diabo."
        E conclui: "Seja fiel, vende o que você tem. Tem fé pra isso? Vai na tua fé".
        Segundo especialistas, o vídeo fere os princípios do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) ao expor o menino a possíveis constrangimentos, mesmo com o rosto borrado. Ricardo Cabezón, presidente da Comissão de Direitos Infanto-Juvenis da OAB-SP, diz que o recurso não impede que o menino seja identificado por conhecidos.
        "A criança deve ser poupada. Se a própria mãe está numa situação de incapacitada, nas mãos de outra pessoa, não se pode pegar uma criança para que ela explique o que está se passando."
        A advogada Roberta Densa, que dá aulas sobre o ECA, avalia que o bispo se aproveita da condição "vulnerável" da criança. "É uma situação de manipulação."
        Para João Santo Carcan, vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o papel da igreja, ao tomar conhecimento de um problema desses, seria entrar em contato com os órgãos públicos de assistência social e não “tratá-la a como instrumento de receita", diz.

Fonte: Folha OnLine
Link vídeo: http://youtu.be/33YqlD2t7yc

segunda-feira, 11 de julho de 2011

HOMENS MADUROS


Há uma indisfarçável e sedutora beleza na personalidade de muitos homens que hoje estão na idade madura.
É claro que toda regra tem as suas exceções, e cada idade tem o seu próprio valor. Porém, com toda a consideração e respeito às demais idades, destacaremos aqui uma classe de homens que são companhias agradabilíssimas: os que hoje são quarentões, cinquentões e sessentões.
Percebe-se com uma certa facilidade, a sensibilidade de seus corações, a devoção que eles tem pelo que há de mais belo: o sentimentalismo.
Eles são mais inteligentes, vividos, charmosos, eloquentes. Sabem o que falam, e sabem falar na hora certa. São cativantes, sabem fazer-se presentes, sem incomodar. Sabem conquistar uma boa amizade.
Em termos de relacionamentos, trocam quantidade pela qualidade, visão aguçada sobre os valores da vida, sabem tratar uma mulher com respeito e carinho. São homens especiais, românticos, interessantes e atraentes pelo que possuem na sua forma de ser, de pensar, e de viver.
Na forma de encarar a vida, são mais poéticos, mais sentimentais, mais emocionais e mais emocionantes.
Homens mais amadurecidos têm maior desenvoltura no trato com as mulheres, sabem reconhecer as suas qualidades, são mais espirituosos, discretos, compreensivos e mais educados.
A razão pela qual muitos homens maduros possuem estas qualidades maravilhosas deve-se a vários fatores: a opção de ser e de viver de cada um, suas personalidades, formação própria e familiar, suas raízes, sabedoria, gostos individuais, etc...
Mas eu creio que em parte, há uma boa parcela de influência nos modos de viver de uma época, filmes e músicas ouvidas e curtidas deixaram boas recordações da sua juventude, um tempo não tão remoto, mas que com certeza, não volta mais.
A juventude passou, mas deixou “gravado” neles, a forma mais sublime e romântica de viver. Hoje eles possuem uma “bagagem” de conhecimento, experiências, maturidade e inteligência que foram acumulando com o passar dos anos. Viveram a sua mocidade (época que marca a vida de todos nós) em um dos melhores períodos do nosso tempo: Os anos 60/70.
Consideradas as "décadas de ouro" da juventude, quando o romantismo foi vivido e cantado em verso e prosa.
A saudável influência de uma época, provocada por tantos acontecimentos importantes, que hoje permanecem na memória, e que mudaram a vida de muitos.Uma época em que o melhor da festa era dançar agarradinho e namorar ao ritmo suave das baladas românticas. O luar era inspirador, os domingos de sol eram só alegrias. Velhos tempos, belos dias. Foram e ainda são os homens que mais souberam namorar: Namoro no portão, aperto de mão, abraços apertadinhos, com respeito e com carinho, olhos nos olhos tinham mais valor...
A moda era amar ou sofrer de amor. Muitos viveram de amor... Outros morreram de amor... Estes Homens maduros de hoje, nunca foram homens de “ficar”. Ou eles estavam a namorar, ou estavam na "fossa", ou estavam sozinhos. Se eles "ficassem", ficariam para sempre... ao trocar alianças com suas amadas.
A juventude passou, mas deixou "gravada" neles, a forma mais sublime e romântica de viver. Hoje eles possuem uma "bagagem" de conhecimentos, experiências, maturidade e inteligência que foram acumulando com o passar dos anos.
O tempo se encarregou de distingui-los dos demais: deixando os seus cabelos cor-de-prata, os movimentos mais suaves, a voz pausada, porém mais sonora. Hoje eles são homens que marcaram sua época. Eu tenho a felicidade de ter alguns deles como amigos virtuais, mesmo não os vendo pessoalmente, percebo estas características através de suas palavras e gestos.
Muitos deles hoje “dominam” com habilidade e destreza essas máquinas virtuais, comprovando que nem o avanço da tecnologia lhes esfriou os sentimentos, pois ainda se encantam com versos, rimas, músicas e palavras de amor, nem lhes diminuiu a grande capacidade de amar, sentir e expressar seus sentimentos.
Muitos se tornaram poetas, outros amam a poesia.
Porque o mais importante não é a idade denunciada nos detalhes de suas fisionomias e sim os raros valores de suas personalidades.
O importante é perceber que os seus corações permanecem jovens...
São homens maduros, e que nós, mulheres de hoje, temos o privilégio de poder admirá-los.

Lisiê Silva 
by Dalva Silva

segunda-feira, 4 de julho de 2011

VINTE ANOS DE AUSÊNCIA

Paulo Manoel da Silva (Paulico Brandão)
09/06/1958         04/07/1991

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

(Carlos Drummond de Andrade)


 
 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O PERIGO ESTÁ NOS PORTA-VOZES DE DEUS


O perigo não está nas ruas, nos milhões de arregimentados da Marcha para Cristo, nem nas passeatas contra o aborto de anencéfalos ou a interrupção da gravidez que resulte de estupro. Tampouco está nos movimentos pela proibição das pesquisas com células tronco que, só porque o STF decidiu, foi adiante e têm devolvido luz a cegos e vida plena a aleijados. A ameaça mora nos porta-vozes.

Quando o juiz Jeronymo Villas Boas subjugou um cartório de Goiânia para anular a união civil de um casal gay não o fez porque nela visse ofensa ao Direito, ainda que mais tarde buscasse essa escora. “Deus me incomodou, como que me impingiu a decidir”, justificou. É isso, o juiz e pastor Villas Boas ouviu a Ordem e desprezou a leitura da mais alta Corte do país sobre o assunto.

Sorte dele que já não se queimam nas fogueiras os que ouvem vozes. A Igreja ao longo de séculos mandou às chamas esquizofrênicos, revolucionários, sábios ou quem quer que lhe questionasse os dogmas. Hoje o juiz pode dar ouvidos ao que quiser, inclusive ao que ofende o direito.

Quando se vive nas democracias, pode-se praticamente tudo. Da insanidade de se anunciar interlocutor privilegiado do Todo-Poderoso à liberdade de apedrejar a própria democracia. Mas, o império da lei não parece ser o objetivo fundamental de personagens como Villas Boas. Por isso, talvez, em lugar de defender suas teses prefiram proibir a discussão de ideias que as contrariem.

Como não há convivência possível entre liberdade e treva, nada mais razoável do que o STF ter batido o martelo na direção da luz. Não por isso, no entanto, gays estão obrigados a firmar contratos de união. Mas, se desejarem, são livres para fazê-lo. Liberdade é a palavra.

Vai ver foi essa a novidade que produziu tanto barulho nas igrejas e bancadas religiosas da política. Olhada de perto a decisão apenas reflete o que só não se sabia no Congresso. Os contratos entre pessoas do mesmo sexo multiplicam-se pelo país há bem uma década, tempo em que esses aglomerados políticos (religiosos?) empenharam-se apenas pelos intere$$es de suas igrejas. Deram ouvidos à voz errada. A das ruas ecoou no Supremo.

Daí por que, pouco se aproveita do que dizem os políticos. Como o senador Magno Malta (PR), por exemplo, segundo o qual “o verdadeiro Supremo é Deus”. Ativista de nobre campanha contra os imbecis que molestam crianças, Malta produziu com a frase uma sandice. Deus pode ser a suprema expressão da crença de quantos Nele têm fé, mas não das leis que regulam a organização social do país.

Se em lugar de mandá-la às favas, os legisladores respeitassem a distância entre estado laico e crença religiosa, talvez tivessem evitado o constrangimento de receber como companhia a bispa Sônia Hernandes, da igreja Renascer em Cristo. “Meu Deus é dono do ouro e da prata. Enquanto meu Deus age, ninguém pode impedir”, profetizou ela à Folha de S. Paulo, durante a Marcha para Jesus.

Se é assim, para que Deus ela levava as bíblias recheadas de dólares, quando desembarcou há três anos nos Estados Unidos, foi presa, julgada e condenada? Passou um ano no xilindró e não há registro de que, em algum momento de sua defesa, tenha alegado que a fortuna pertencia ao Pai Celestial. Só por isso a democracia já vale a pena. Permite que personagens de variada estirpe não apenas andem juntas, como digam as idiotices que lhes vierem à cabeça. Só não podem ficar sem vigilância constante.

Por Xico Vargas

quinta-feira, 23 de junho de 2011

PARA ONDE ESTAMOS MARCHANDO ?


Todas as 12 pessoas presas no dia 16 de junho acusadas de envolvimento em fraudes em licitações e plantões no Conjunto Hospitalar de Sorocaba já estão livres, leves e soltos.

Nesses últimos dias, as denúncias sobre a quadrilha que atuava no CHS causaram profunda repulsa na sociedade. Não é para menos, pois a imagem que temos desses profissionais é a da dedicação permanente ao nobre ato de salvar vidas e minorar o sofrimento humano.

É revoltante imaginar que pessoas tiveram seus problemas de saúde agravados ou até mesmo vieram a falecer enquanto aguardavam horas ou até dias na fila por um atendimento que não aconteceu porque os “profissionais” responsáveis não apareciam, mas que recebiam seus contracheques no final do mês com os salários engordados pelas fraudes. (Estima-se que pelo menos 300.000 pessoas tenham sido prejudicadas pela falta de atendimento).

Um trecho do juramento médico diz: “Eu, solenemente, juro que a saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde a sua concepção. Faço estas promessas pela minha própria honra”.

Dizem que a corrupção no Brasil começou antes mesmo do nosso “descobrimento”, que teria sido obra de um “acerto” entre nações, já que a existência destas terras já era conhecida. De lá para cá, a corrupção no Brasil tornou-se endêmica, como a malária, a leishmaniose, a esquistossomose, a dengue,  a doença de Chagas, a Hanseníase, a tuberculose, a cólera e outras doenças simples de acabar, mas que têm no descaso da saúde e na corrupção generalizada suas principais causas.

Enquanto isso o povo faz marchas: "Marcha da Maconha", "Marcha das Vadias", "Marcha contra a Violência", "Marcha contra Belo-Monte", “Marcha contra a Homofobia”, “Marcha para Jesus”; marcha para tudo e esquece de exigir um basta de uma vez por todas neste câncer que consome nossa nação aos poucos.