Seguidores

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

FATO NOVO OU VELHA POLÍTICA


         Politicamente, começamos 2011 com o Senado elegendo o “imortal” José Sarney, que em seu discurso disse que não queria (?) mas não poderia recusar. Na Câmara dos Deputados, pelo acordo político a presidência ficou com Marco Maia do PT-RS. Sandro Mabel (PL-GO), aquele mesmo do mensalão, bem que tentou mas não conseguiu “melar” o acordo entre as duas casas.

         Mas, e nossa querida São Miguel Arcanjo, quais os acordos que já estariam sendo tramados para a próxima eleição municipal? Quais os nomes que já aparecem como prováveis candidatos?

         Semana passada estive em nossa cidade e pelo que ouvi parece que estamos às vésperas das eleições de 2004. Os mesmos nomes, mesmos partidos, mesmas oligarquias... Desde que me entendo por gente não lembro de um fato novo na política de São Miguel. Há quanto tempo não surge em nossa cidade uma liderança política que não seja logo cooptada ou que não esteja sob as asas dos mesmos velhos interesses político-familiares daqueles mesmos grupos dominantes, tão presentes nas pequenas cidades?

         Não será chegada a hora de um fato novo, uma nova visão, uma nova maneira de fazer política, sem os vícios rançosos, quase centenários, que se perpetuam em nossa cidade?

         Não será chegada a hora de descobrirmos a verdadeira vocação de nossa cidade? Já produzimos fumo, algodão, trigo, chá, até o bicho da seda foi cultivado por estas bandas. Batata, farinha de milho, de mandioca, carvão vegetal, eucalipto, uva itália e agora , mais recentemente, parece que estamos ensinando as crianças a torturar de animais... Será essa a nossa vocação? Espero que não!

         A falta de uma vocação definida não é uma exclusividade de nossa cidade. É um mal do qual padecem a maioria dos pequenos municípios e com poucos recursos financeiros.

         Mas é bom lembrar que desde 1988 com a promulgação da Nova Constituição Federal, os municípios são dotados de autonomia política, capazes de legislar em sentido próprio. Dessa forma, não importa o tamanho do município, exige-se maior responsabilidade e novas atitudes da gestão dos governos locais, já que, do menor ao maior, pelo menos em tese, todos têm igual autonomia.

         Um dos muito conceitos de boa administração é: “Diminuir as desigualdades sociais e econômicas eliminando os índices de miséria”. Mas como fazer isso com a escassez de recursos? A saída é a utilização da “Cultura como recurso”. Essa noção batizada por George Yudice, professor da Universidade de Nova York, expressa de forma contundente o contexto da globalização, na qual pode-se observar uma expansão da cultura para os campos da política e da economia e, simultaneamente, o esvaziamento das noções tradicionais e elitizantes de cultura. Hoje, a cultura é um valor a ser preservado em sua diversidade e pluralismo – assim como a biodiversidade – e o investimento em cultura é visto como prioritário para o fortalecimento social e, consequentemente, para o desenvolvimento político e econômico.

         Então, pensando em 2012, teríamos em nossa cidade um nome com capacidade de entender que enquanto nossa cidade não encontrar a sua verdadeira vocação, a única saída talvez seja através da cultura como agente transformador e fator de geração de renda, sendo portanto, a maneira mais barata de se gerar emprego e dar dignidade ao cidadão.

         Qual nome poderia entender que a cidade é dinâmica, tem vida própria, e que precisa acompanhar esse dinamismo atendendo às novas demandas que surgem cotidianamente, incentivando e promovendo parcerias com todos os setores, unindo o Poder Público, entidades, empresas e a comunidade? (É essa união que resgata a auto-estima).

         Teríamos um nome capaz governar nossa cidade assumindo o sentido da sua História, dando sentido ao seu projeto coletivo e dando sentido à vida das pessoas,  entendendo que administrar uma cidade não é um emprego e sim uma missão privilegiada?

         Quem em nossa cidade teria a experiência e a compreensão necessária de que os tempos mudaram e vão continuar mudando numa velocidade cada vez maior, e entenda existir novas ferramentas para acompanhar essa velocidade e que há novas maneiras de se resolver velhos problemas?

         Qual nome poderia governar nossa São Miguel Arcanjo, tendo como compromisso a cidadania e a justiça social, e a certeza de que a função do executivo não é somente administrar uma cidade, mas construir um futuro?