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terça-feira, 24 de abril de 2012

SUA ALTEZA REAL O EXTERMINADOR


     Ainda repercute o acidente em que foi vítima o rei Juan Carlos da Espanha durante viagem a Botsuana para uma caçada de elefantes. A imprensa espanhola não deu muita importância ao fato do rei, presidente de honra da WWF, uma das maiores organizações preservacionistas do planeta, empenhada na conservação da diversidade biológica mundial com quase cinco milhões de associados distribuídos em cinco continentes e atuando ativamente em mais de cem países, viajar ao território africano para exterminar elefantes.

     Esta não é a primeira vez que o monarca se vê envolvido nesse tipo de “esporte real”. Em outubro de 2004 indignou ativistas ambientais após matar nove ursos (um dos quais era uma fêmea grávida), no centro da Roménia. Em Agosto de 2006, Juan Carlos teria caçado alcoolizado na Rússia, segundo alegações feitas por autoridades regionais russas.

     Mas o que causou polêmica junto aos súditos de Juan Carlos não foi o fato de o rei estar contribuindo para o extermínio de animais e sim por estar caçando em um momento de grave crise econômica da Espanha. O rei lamentou o que chamou de "equívoco" e pediu perdão publicamente por ter viajado a Botsuana para matar elefantes, um safári somente revelado porque o monarca “esportista” quebrou a bacia em uma queda e teve que voltar a Madri, precisando ser submetido a uma cirurgia.

     A maioria dos espanhóis perdoa o rei por sua viagem de caça a Botsuana e apóia a monarquia, embora mais da metade acredite que a imagem da instituição foi manchada, segundo pesquisas divulgadas pelos jornais "El Mundo" e "La Razón".

     O fato do monarca ser presidente de honra da organização mundial WWF e estar praticando o “esporte de matar elefantes” não foi comentando ou considerado relevante pelos jornais espanhóis.

     Até porque seria incoerente o povo que se diverte torturando e matando touros, considerar incorreta a atitude de seu monarca em participar de um safári que contribui para o extermínio de elefantes ou ursos.

     Parece que o verbo exterminar continua a ser conjugado pela realeza espanhola, desde os tempos da colonização, quando destruiu e exterminou sociedades indígenas, como a dos incas e dos astecas.