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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

AQUI O PALHAÇO É VOCÊ !


         O eleitor brasileiro foi às urnas em três de outubro de 2010 sem saber direito como votar. Por incompetência dos legisladores criou-se uma lei para não ser cumprida. Exigiu-se que o eleitor levasse dois documentos na hora de votar. Seria preciso levar o título de eleitor e mais um documento com foto. Isso foi constantemente alardeado pela Justiça Eleitoral em propaganda veiculada por semanas em todas as rádios e televisões do país. Três dias antes das eleições, no entanto, o STF decidiu que essa lei não estaria valendo. Bastaria um documento com foto.

         A confusão aumentou com a indefinição sobre a extensão da Lei da Ficha Limpa. Resultado: Somados a outros políticos com pendências na Justiça Eleitoral, os fichas sujas tiveram mais de oito milhões de votos. São milhões de votos que podem valer ou não, dependendo do resultado dos recursos em tramitação – o que pode demorar alguns meses, talvez alguns anos, em face da lentidão da justiça.

         Agora, enquanto o TSE se preocupa com a alfabetização do Tiririca, se esquece dos “fichas sujas” e de outros corruptos eleitos à custa da desinformação da população. O que vale mais, a palavra fria da lei imaginada por legisladores, ou seu espírito aplicado nos reais anseios do cidadão?

         O certo é que essas eleições vão promover uma oxigenada tanto na Câmara Federal quanto na Assembleia. Há muito não se via uma renovação tão expressiva nos eleitos para o Legislativo. É claro que os novatos dividirão o plenário com velhas raposas da política que conseguiram o aval dos eleitores para continuar, seja por mérito, identificação ou pura falta de opção mesmo.

         As eleições deste ano foram, sem dúvida, as mais despolitizadas da história do país. A abstenção só não foi maior (+/- 23%) devido a obrigatoriedade do voto. No segundo turno imagino deva ser maior. Trinta e um de outubro, um domingo antecede o feriado de Finados da terça-feira. Já dá para antever o que irá acontecer.

         O fato é que o resultado dessas eleições pegou muitos políticos de calça curta. Ficou provado que cada vez mais o eleitor não se vale apenas do nome ou representatividade regional na escolha de quem vai ganhar o seu voto. Pelo que se viu, as pessoas têm buscado alguma identificação com quem pretende eleger, seja ela ideológica, religiosa ou por afinidade com o discurso.

         Talvez isso explique a assustadora soma de votos do palhaço Tiririca. Talvez até seja ele o mais digno representante do povo brasileiro. Estará no lugar certo. Certamente esse resultado não foi o voto de protesto, mas sim de identificação de quem acha mesmo que pior não pode ficar. A expressiva votação do Tiririca revela dois aspectos: Primeiro mostra a que ponto o eleitor rejeita os políticos. Segundo, como eles, políticos, foram espertos em perceber esse sentimento e voltá-los contra o próprio eleitor. Canalhice é o termo mais adequado para o uso de “celebridades” como puxadores de votos dentro dos partidos.

         Velhas raposas profissionais ou pequenos palhaços analfabetos? Quem é menos nocivo para a sociedade? Quando vejo políticos que estiveram envolvidos nos casos dos sanguessugas, mensalões, dinheiro em cuecas e meias, reeleitos, imagino que eles é que devem nos ver como palhaços... Então por que não termos um legítimo representante lá em Brasília?

         Enquanto isso, no segundo turno aparece esse debate dissimulado e hipócrita sobre o aborto. O problema do aborto diz respeito à saúde pública e educação, sobretudo em países dominados pela corrupção e pelo desapego às leis onde vale o “vale tudo”. Estão levando para o debate eleitoral uma fingida religiosidade trazendo Deus aos palanques como cabo eleitoral.

“Nada está definitivamente perdido, as vitórias parecem-se com as derrotas. Nem uma nem outra são definitivas.” (José Saramago)



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