Podem parecer sinônimos.
Ideia igual,
mas diferentes no sentir.
Lembrança é da memória,
saudade é da alma.
Muitas lembranças, poucas saudades.
Lembranças surgem com um cheiro,
uma música, uma palavra...
Saudade surge sozinha,
emerge do fundo do peito
onde é guardada com carinho.
Lembrança pode ser boa
mas quando não é, pode-se afastá-la,
convocando outra lembrança ou convocando
outro pensamento para o lugar,
ligando a TV ou lendo o jornal.
Saudade é sempre boa,
mesmo quando dói,
e não se apaga mesmo que outra pessoa
tente ocupar o lugar vazio.
Ela pode coexistir com um novo amor,
sem machucá-lo.
Lembrança é algo real,
de um lugar,
de uma época,
uma pessoa.
Saudade pode ser do que não houve,
de uma possibilidade,
de lábios jamais tocados.
Lembrança pode ser contada, medida,
localizada e com algum esforço, pode até
ser calculada com uma fórmula matemática,
ao gosto dos engenheiros.
Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e
melodias; vontade de ver a outra pessoa.
Segundo os poetas, teria outro nome,
seria uma saudade com tempero,
eu acho.
Lembrança pode ser sem som
pode não doer.
Saudade jamais é sem som.
Se ela não vier com a música de fundo,
a gente coloca só para ela ficar mais bonita,
mais gostosa de sentir,
para preencher a alma vazia.
Lembrança vence a morte
mas conforma-se com a ausência,
respeita as convenções.
Saudade ignora a morte
vence distâncias,
barreiras e preconceitos.
Lembrança aceita nosso comando,
vai e volta quando queremos.
Saudade é irreverente,
independente e auto suficiente.
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