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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sem solução, apenas alívio...





Tenho levado uma vida normal, terrivelmente normal até. Meus cinquenta anos têm sido pontuados por experiências bem comuns. Desde que nasci tenho sido uma típica criatura do interior, com uma vida que ressoa a árvores e regatos. Não gosto das ditas cidades grandes.
Já fumei, hoje não fumo mais; consequência de uma promessa, dos tempos em que acreditava em milagres. Mas um uisquezinho vai bem.
Às vezes ainda sonho. Que minha vida um dia ainda será grande. Tenho vontade de ir aonde jamais alguém foi, e consequentemente nesse lugar não haverá ninguém. Desejo de fazer uma obra que fique para a posteridade. Trazer a felicidade a alguém. E depois sumir.
A cidade é ruim para alguém que tem sonhos assim como os meus. É um lugar perdido, longe do mar, longe dos campos e longe dos momentos em que a vida se resolve e os desejos tornam-se realidade. Vivem aqui milhares de pessoas tristes, feias, apressadas, desprovidas de gosto e de saudades verdadeiras. Gente que anda corretamente dentro dos velhos limites e incorretamente dentro de novos limites. E que não conhecem nenhuma poesia. Gente que trabalha, que diz uma coisa e faz outras. Gente que vai à missa de manhã e peca à noite. Gentes que se acham, como diz meu filho.
Nesse imenso amontoado de prédios feios circundados por uma floresta de casinhas baixas e feias, a minha vida escorre preguiçosamente enquanto meus sonhos vão lentamente desbotando, murchando, quase morrendo no
dia-a-dia.
Tenho uma vida comum. Todas as manhãs sou acordado pelo canto dos pássaros e também pelo ronco de carros e motos e, com os meus sonhos cortados ao meio, desço para a minha vida. Isso é frustrante, às vezes. Antigamente era o apito da fábrica que me acordava. Hoje não existem mais, nem o apito nem a fábrica.
Os bailes de sábado agora acontecem quase todos os dias. Mas os salões estão mais vazios e as mentes das pessoas menos dispostas a sorrir.
Percebo que minha geração é saudosista. O que sobrou de planos desfeitos sobrevoando as cabeças dos jovens agora produz músicas, poesias; que não trazem solução, mas aliviam.




2 comentários:

  1. Paulo
    Entre altos e baixos há coisas que valem a vida,
    de repente bate essa "FALTA" que dói na alma
    do amor
    do amigo
    do céu azul
    da primavera…
    da vida comum...que se sobressai diante de toda essa imensa vontade de dizer: Vale a pena!

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  2. São Miguel Arcanjo, proteji-nos no combate contra a malemolência. Cobri-no com vosso escudo, contra as embustes politiqueira, ciladas da fala doce, demonios de saia curta e perna roliça. Subjugue os de má-fé oh! Deus. Incenssantemente pedimos, que vós, o Principe da Milícia Celeste, dessa outra vez do seu altar como em 19 32 e precipitai no inferno o atraso de vida e outros espíritos medíocres que andam pelas ruas para iludur as almas.

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