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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

POVO SEM MEMÓRIA, POVO SEM HISTÓRIA



Andando pelas ruas de nossa cidade percebemos que muita coisa mudou. A cidade cresceu. Seus limites foram ampliados, da mesma forma que foram ampliadas suas pretensões de crescimento e progresso. É a realidade de nosso tempo.
Ainda é possível saborear algumas lembranças vivas, mas é também triste passar por um local e dizer: “aqui tinha isso, ali era aquilo”. Há muita coisa por trás de um prédio que não existe mais. Demolir ou descaracterizar um prédio é também destruir ou descaracterizar parte da história de muitas pessoas que viveram naquela época e ajudaram a construir nossa cidade.
Infelizmente, não temos em São Miguel Arcanjo uma cultura de preservação de sua história e seus costumes. Apesar de ser uma cidade relativamente nova, pouco resta da antiga São Miguel. E o que resta não é respeitado... Casarões são postos a baixo sem a menor cerimônia, em nome do progresso, da necessidade e interesses comerciais...
Recentemente o prédio da antiga cadeia pública foi literalmente “anexado” ao prédio da Câmara Municipal, descaracterizando e comprometendo totalmente aquele que talvez seja o mais antigo edifício de nossa cidade.
Um pouco antes, rumores davam conta de que havia intenção das autoridades católicas do município em se retirar (demolir) a mesa de comunhão da igreja, sob a alegação de que ela não é mais utilizada nas liturgias. Pretendiam também meter a picareta no antigo piso de mosaico português que reveste toda a igreja. Felizmente isso não ocorreu (pelo menos por enquanto...).
O ímpeto por se destruir, modificar ou descaracterizar sem o menor pudor é algo preocupante, pois denota irresponsabilidade, mesmo que seja por desconhecimento de causa.
Quando não preservamos nossa história, perdemos nossas tradições e o que é pior: desrespeitamos o nosso maior patrimônio que são seus moradores;
É preciso pensar no progresso, sem dúvida. Mas é preciso antes um planejamento estratégico e específico focado no futuro, não descuidando da memória, da história e do patrimônio de um povo como o nosso que fundou essa cidade há cento e vinte anos, para termos a chance de transformá-la, porém sem desrespeitá-la.
Agora, notícias recentes dão conta da intenção de se demolir a capela do bairro de Santa Cruz dos Matos. Qual o motivo? Oferece risco aos fieis? Existe um estudo abalizado sobre essa necessidade? Os moradores foram consultados?
Será que não chegou a hora da comunidade, particularmente os três poderes que se constituem como os guardiões da administração pública (Prefeitura, Câmara e Poder Judiciário) chamarem para si a responsabilidade pelo futuro de nossa cidade, zelando pela preservação do presente sem desrespeitar nosso passado?
Do contrário, sem planejamento, sem preservar o que ainda temos e sem resgatar o que é possível, nosso futuro será cada vez mais pobre em termos de patrimônio, senão o valor estético, artístico, documental, científico, social, espiritual ou ecológico de nossa sociedade não terá passado apenas da fugacidade de uma época.

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