O “nheengatu” é a fala do caipira paulista. A miscigenação do tupi-guarani na língua portuguesa resultou nesse idioma sonoro praticado pelo povo da roça, herdeiro do mais autêntico linguajar deixado pelos índios catequizados pelos padres jesuítas. A partir do final do século XVIII o idioma foi proibido pelo Marquês de Pombal, em nome do rei Dom José I, proibiu o ensino e o uso do tupi em todo o território nacional, instituindo o português como única língua do Brasil, mas a força das palavras ultrapassou os limites da proibição e continua viva em muitos termos usados no dia-a-dia do povo paulista em todos os níveis da sociedade. O dialeto foi então resgatado como vocabulário de uso corrente e se fixou no inconsciente coletivo fazendo parte da fala diária do cidadão paulista e paulistano.
O documentário com a participação do "Tio Miguer" está fazendo turnê em escolas, feiras e simpósios da região. Segundo o maestro Ricardo Anastácio a sua intenção é apresentar esse trabalho também em São Miguel Arcanjo. O filme Nheengatu, além da questão da fala, aborda aspectos místicos e lendas rurais, incluindo histórias dos caiçaras, construtores de rabecas de Cananéia e de outras regiões do Vale do Ribeira.
A participação do professor Miguel dos Santos Terra é tão importante quando à do poeta Tio Miguer, em dois aspectos. Como professor ele explica a morfologia das palavras de homens e mulheres da zona rural. Como poeta, registra essa fala de forma sublimada através dos seus poemas, que sem dúvida alguma, são escritos em puro “nheengatu”, a língua sonora do caipira paulista.
Com cerca de quarenta minutos de duração o documentário mostra ainda as belezas da Fazenda Ipanema com a primeira fábrica de ferro criada por D. João VI, os bandeireiros do Divino da região de Tatuí e todo o resgate do trabalho do escritor Cornélio Pires, através do museu do mesmo nome que centraliza todas as outras obras do autor em Tietê, sua cidade natal.
Ainda há tempo de um contato com o maestro Ricardo Anastácio para que o povo possa ver a performance do "Tio Miguer" no documentário e saber definitivamente porque todos nós temos uma forma diferente de falar com relação às pessoas dos outros estados do Brasil.
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